Tal como o avançado português, Janine Barbosa nasceu na Guiné-Bissau e juntou-se à festa feita Domingo por mais de uma centena de portugueses e angolanos no Centro Cultural Português - Camões de Luanda, iniciativa da embaixada portuguesa que envolveu a transmissão televisiva da final do jogo entre Portugal e França.
"Estou emocionadíssima, muito contente por ser um guineense, de Bissau, da minha terra. E claro, por ser Portugal", explicava à Lusa esta emigrante em Angola, que assistiu à final do Euro2016 no centro Camões.
"Sentimo-nos sempre [portugueses]. A lusofonia é o que conta para nós", garantia ainda, após um nervosismo que durou 120 minutos, aliviado somente na segunda parte do prolongamento.
O golo de Éder até chegou alguns segundos mais cedo ao angolano Domingos Barros, que na sala do Centro Cultural Português ouvia o relato da rádio portuguesa Antena 1 em simultâneo com um dos canais da Rádio Nacional de Angola.
O atraso de alguns segundos da transmissão televisiva para a radiofónica foi suficiente para o deixar a festejar na sala, literalmente sozinho.
"Praticamente, transmiti em primeira instância a grande alegria da selecção portuguesa. Senti-me muito feliz", contou à Lusa o jovem angolano, garantindo que entre os dois povos não há rivalidades. "Somos filhos de Portugal", afirmava, enquanto já fazia a festa da vitória portuguesa.
E à festa portuguesa não faltou o embaixador de Itália em Luanda, Claudio Miscia, que à Lusa explicou a presença: "Primeiro, eu fui convidado. Segundo, depois que a Itália saiu da copa, eu passei a torcer por Portugal. Eu tenho algum antepassado português, de Vila Real de Trás-os-Montes, por isso uma parte de Portugal está no meu coração e no meu sangue também".
Emoções à parte, o diplomata apontou como merecida a vitória portuguesa, sobretudo depois da lesão do capitão, Cristiano Ronaldo. E quanto à festa, entre portugueses e angolanos, afirma que é algo que "só vendo".
"Adorei, é daqueles lugares em que uma pessoa tem de estar e que vai lembrar toda a vida", admitiu o embaixador italiano em Luanda, que passou despercebido por entre a festa no auditório do Centro Camões.
Claudio Miscia assistiu ao jogo ao lado do embaixador português, João Caetano da Silva, que, em declarações à Lusa, encarava com naturalidade a festa feita por angolanos e portugueses no Camões, mas também em todo o país.
"Já antes sentia o apoio da grande maioria, incondicional, à selecção portuguesa. E é ainda mais significativo e emocionante viver esta festa aqui em Angola, onde a maioria da população vai vibrar com a vitória de Portugal", garantia o embaixador português em Angola, devidamente equipado com as cores nacionais.
Logo ao lado, de bandeira nacional nas mãos, estava Carlos Martins, um emigrante português em Angola há cinco anos e que não escondia o "sabor especial" desta vitória, por estar longe de casa: "Nós, que estamos fora do nosso país vivemos, isto de uma forma diferente. E na realidade mostrámos que Portugal é um grande país, com um grande líder".
Quanto à festa feita por portugueses e angolanos, assume tratar-se de uma "grande união" que recorda que os dois países têm "raízes" antigas. Com 16 anos de vida emigrante em Angola, Paulo Valadas confessava, igualmente, "um sentimento especial" pela vitória portuguesa, face à distância de casa.
"Tudo o que é vivido à distância parece que é vivido com mais intensidade", atirava, vendo sem surpresa a festa que também os angolanos faziam: "Estava à espera, eu sei que os angolanos têm no coração deles um espaço reservado para os portugueses, em particular para os clubes portugueses e a selecção portuguesa".
E para o provar, além de algumas buzinas nas ruas de Luanda, Rui Neto, um eufórico estudante universitário angolano, deixava o mote: "Continue a dar-nos alegrias. Estamos sempre a torcer por Portugal".
