A informação foi avançada esta Sexta-feira à agência Lusa pelo administrador da única fábrica vidreira do país, Carlos Martins, explicando que quando o programa foi lançado, há cerca de três anos, visava a aquisição local de uma das matérias-primas para a produção de vidro.
Segundo Carlos Martins, a Vidrul paga mais de 47 dóalres por tonelada de garrafas recolhidas, mas há cerca de um ano o programa tem registado uma baixa nas quantidades adquiridas.
"É uma redução significativa porque há pessoas que enchem bebidas espirituosas e que neste momento, como têm dificuldades e os preços também, subiram estão a comprar garrafas em segunda mão a essas pessoas", explicou o responsável.
"Os produtores de bebidas espirituosas estão a pagar 15 kwanzas [oito cêntimos de dólar] por garrafa ao invés de nos comprarem ao preço de 25 kwanzas [14 cêntimos]", salientou, reconhecendo também a incapacidade da Vidrul fornecer neste momento todo o mercado.
Carlos Martins frisou que outro dos problemas é também a baixa na importação de cervejas, sobretudo de Portugal, cujas garrafas recolhidas tinham como destino a Vidrul.
"E aqui em Angola a maior parte das cervejeiras trabalham muito com o retornável, são só as quebras deles que aparecem lá [na Vidrul] e depois aparecem aquilo que nós fazemos em ‘one way' - garrafas de utilizar uma só vez, ou que as que estão boas vão para os produtores de bebidas espirituosas ou as que estão mal vão parar à Vidrul, através das pessoas que as apanham nas ruas", explicou.
O casco constitui mais de 70 por cento da matéria-prima de produção da Vidrul, sublinhando Carlos Martins que quanto maior as quantidades recolhidas menos é a necessidade de consumo de areia, calcário e soda, tendo em conta o processo de reciclagem.
As necessidades actuais de mercado são superiores às 50 mil toneladas produzidas por ano pela Vidrul.
