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Cláudia Santos: “O Conversas No Armário já nos levou mais longe do que poderíamos imaginar”

Paixão. Só uma palavra poderia definir tão bem o trabalho e dedicação de Cláudia Santos quando o assunto é o mundo da moda. Há cerca de dois anos criou o blog Conversas No Armário. Desde então, os temas que pairam sobre o universo feminino fazem parte do seu dia-a-dia. Chama-lhe uma partilha, tantas vezes pessoal, onde não falta uma mensagem de incentivo com um toque de positivismo à boa maneira feminina. O VerAngola foi conhecer melhor Cláudia Santos e, por entre roupas e sapatos, tirou a conversa toda do armário.

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Em primeiro lugar fale-me um pouco de si. Onde nasceu, onde cresceu, como foi a sua infância...

Nasci em Luanda, no antigo Saneamento, mais conhecido por Cidade Alta, e cresci num ambiente bastante familiar. Felizmente, apesar de algumas dificuldades da vida sempre cresci rodeada da família. Éramos seis crianças, todos primos e crescemos muito unidos. Ainda nos lembramos dos problemas em que nos metíamos, das alegrias, das brincadeiras... Foi uma infância recheada de bons momentos.

Como é que surgiu a ideia de criar o blog Conversas No Armário?

O Conversas No Armário surgiu da necessidade de colmatar a falta que a ligação à moda fazia no meu dia-a-dia. Um dos meus grandes objectivos sempre foi trabalhar para uma publicação de moda, e o blog surgiu nesse sentido, de fazer algo que gostava, nem que fosse apenas para meia dúzia de pessoas.

Quem é a Cláudia para além do Conversas No Armário?

Sou uma pessoa muito extrovertida. Gosto muito de brincar, de estar com as pessoas mais chegadas, de passear, viajar, conhecer novos lugares, cantar, dançar, rir... Enfim, uma pessoa igual às outras. A nível profissional trabalho como repórter na revista Caras.

Porque decidiu dar este nome, Conversas No Armário, ao seu blog?

Conversas No Armário porque se pretendia uma partilha. Quando o criei, o objectivo nem era de ser algo tão pessoal, mas as coisas assim aconteceram. Já falamos sobre muitas coisas, abordamos muitos assuntos e é tudo ligado ao universo feminino. E se calhar é por isso que, nós mulheres adoramos um bom armário, repleto de roupas e sapatos fabulosos. Existe algum lugar melhor para conversar? (risos)

O que pretende com este blog?

Neste momento partilho algumas das minhas vivências e claro, o meu estilo pessoal. Mas muito sinceramente o meu objectivo é partilhar sempre uma mensagem positiva de incentivo. De negativismos estamos todos fartos e, como muitas outras mulheres, eu sei o que é viver com algumas imperfeições às quais acabamos por dar mais importância do que elas realmente valem. O objectivo é partilhar que a aceitação é o melhor caminho e incentivar esse pensamento. Se nós tivermos a noção dos nossos pontos fracos ninguém se poderá aproveitar deles porque iremos aprender a fortalecê-los, juntas!

Como é que se vê no papel de blogger?

Vejo-me no papel de uma aventureira. Não é fácil conseguir vingar neste mundo aqui em Angola porque as pessoas não dão abertura a algo que não conhecem. Felizmente este ano já se tem falado mais sobre blog’s e já se busca uma maior compreensão sobre o que é e sobre o que se trata. Graças a algumas revistas como a Super Fashion e a Chocolate, que têm abordado o tema e dado abertura aos bloggers nacionais com mais impacto, as coisas vão acontecendo. Este ano a Karina Barbosa já considerou os bloggers como fazendo parte dos órgãos de imprensa e isso já é uma grande conquista. O que não aconteceu no Angola Fashion Week. Mas nós temos força e viemos para ficar.

Considera-se uma inspiração para as mulheres que a seguem?

Penso que as pessoas que seguem o meu trabalho vêm algo em mim. Portanto, acredito que de alguma forma sirvo de inspiração. Nem que seja pela minha postura e maneira de ser.

O seu trabalho como blogger serve de inspiração também para o seu dia-a-dia?

Eu passo o meu dia-a-dia à procura de inspiração. No ano passado eu era o espelho de uma fashionista no meu dia-a-dia. Mas este ano as coisas mudaram e tive que me adaptar. De momento prefiro estar bem comigo mesma e trabalhar nos bastidores ou quando há essa necessidade. Estamos com um novo projecto e passo os meus dias em pesquisas conhecendo melhor o mercado e apalpando todas as possibilidades para ver qual o caminho que temos que seguir. É mais fácil quando estamos despidas e sem camadas.

Algum dia imaginou a possibilidade de se dedicar em exclusivo ao Conversas No Armário?

Este projecto que mencionei vai de encontro a isso. Acho que estamos numa altura da nossa vida que ainda podemos arriscar e por isso queremos aproveitar, eu e o meu parceiro. Vamos tentar e esperar que as coisas corram pelo melhor.

Quem são as suas grandes influências na moda?

Como disse, tenho tido a minha cabeça dentro dos ‘livros’. (risos) Estudo e pesquiso muito diariamente, mas tem em grande parte a ver com bloggers e elas têm sido as minhas grandes influências na moda. Thassia Naves, Kristina Bazan, Camila Coelho, Chiara Ferragni, Margareth Zhang, entre outras.

Recentemente andou pelos bastidores do Angola Fashion Week... Que colecção que lhe chamou mais a atenção?

Esta edição do AFW foi fantástica. Para ser sincera não prestei atenção nenhuma aos desfiles dos estilistas internacionais porque não me queria distrair dos meus objectivos. Este ano consegui ver e perceber as criações dos nossos estilistas e foi maravilhoso. Eles estão a subir vários degraus ao mesmo tempo e espero que nada os atrapalhe. Todos tiveram peças interessantes, mas os mais consistentes e que mais se destacaram a meu ver foram: Nao.Li.LA, Rose Palhares, Fiu Negru, Juddy da Conceição (que foi uma estreia) e Zholla Thomas.

Considera que Angola tem potencial para se destacar internacionalmente no mundo da moda?

Pelo que vi este ano, penso que sim. Mas os estilistas precisam de mais apoio para se sentirem motivados a subirem cada vez mais degraus. Precisamos consumir o que é nacional e valorizar o que temos. Tem que haver mais união entre os trabalhadores da área de moda... Bloggers, estilistas, fotógrafos, produtores, stylist’s... Temos que lutar todos pelo mesmo, a promoção do que se faz na área da moda no nosso país e apresentá-la lá fora, com a nossa assinatura.

O que espera do futuro? Onde é que gostaria que o Conversas No Armário a levasse?

Espero que o futuro nos dê uma oportunidade. Só isso. Temos força, criatividade, sonhos, objectivos e acima de tudo, temos dedicação e muita garra. O Conversas No Armário já nos levou mais longe do que poderíamos imaginar. Foi uma escola durante quase dois anos. Mas está na altura de fazer algumas mudanças e o Conversas No Armário será uma delas. 

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