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Lutina Santos: exoneração do chefe da Casa de Segurança do Presidente era inevitável

A exoneração do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, anunciada esta Segunda-feira, era esperada, por este estar já “tecnicamente” afastado, disse à Lusa o politólogo Lutina Santos.

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"Era previsível, porque o que nós verificámos inicialmente é que o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República estava tecnicamente exonerado", afirmou Lutina Santos.

O Presidente da República exonerou o seu chefe da Casa de Segurança e ministro de Estado, Pedro Sebastião, nomeado em 2017, que será substituído por Francisco Pereira Furtado, antigo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas.

Segundo o politólogo, esta exoneração é resultado de uma ampla pressão da sociedade, lembrando que é a primeira vez no país, sobretudo nesta era "de reformas profundas", que um gabinete inteiro é exonerado.

"Não se esperava outra coisa senão a exoneração do líder, no caso, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, porque o que aconteceu é a todos os títulos inexplicável. Não se consegue perceber como é que um major que até tem uma subordinação directa ao ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República tenha acumulado tanta fortuna, alguma da qual até muito recente", comentou.

O afastamento de Pedro Sebastião ocorre uma semana após as exonerações de outros sete membros do órgão que dirigia, na sequência do anúncio pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de um processo que envolve oficiais das Forças Armadas Angolanas afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita da prática dos crimes de peculato, retenção de moeda, associação criminosa e outros.

Para o politólogo, era impossível João Lourenço manter Pedro Sebastião no cargo "nas condições em que o ambiente político está", com o caso espalhado nas redes sociais e principais plataformas digitais, constituindo uma pressão política para o chefe de Estado.

Lutina Santos, realçando que a bandeira do actual Governo e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) é o combate à corrupção, recordou que em tempos já foi levantada uma questão semelhante em relação ao director do gabinete do Presidente, Edeltrudes Costa.

"Agora (houve) esta situação recente com Pedro Sebastião, por isso, não havia outra saída senão politicamente sacrificá-lo, para poder ter solidez suficiente para continuar a luta contra a corrupção. Penso que nesta fase da reforma, e em que se coloca em primeira instância a luta contra a corrupção, vão rolar muitas cabeças", referiu.

Instado a comentar o facto de se manter no cargo o chefe-adjunto da Casa de Segurança do Presidente da República, general Sequeira João Lourenço, irmão do Presidente, o politólogo disse não encontrar uma justificação, acreditando que "alguma coisa será feita".

"O que notei é que os funcionários de base, aqueles que assumiam um cargo de responsabilidade, de direcção, de departamento foram todos exonerados no quadro dessa questão que temos vindo a acompanhar do major Lussaty", frisou.

"Eu creio que o Presidente vai continuar a mover as suas ações de exoneração, porque há uma perda de confiança do seu subordinado direto, no caso o ex-ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança, que vai influenciar a exoneração dos demais membros que estavam próximos dele, isso será inevitável", acrescentou.

Sobre a escolha do ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, o general Francisco Pereira Furtado, para substituir Pedro Sebastião, o politólogo destacou o facto de ser uma pessoa "experimentada", que vai assumir as funções "numa fase delicada".

"[É] uma fase em que a Casa de Segurança está sob escrutínio popular, estamos a falar de somas avultadas de dinheiro, numa fase em que o país passa por dificuldades económicas", considerou.

Lutina Santos disse que os angolanos vão esperar de Francisco Pereira Furtado "maior controlo, sobretudo dos movimentos financeiros, a mobilidade de pessoal e da seleção criteriosa de quem com ele vai trabalhar".

"O que temos estado a notar para a responsabilidade pública, o que se exige actualmente é pessoas que tenham integridade, temos que ter pessoas com integridade moral para assumirem responsabilidades públicas e que não estejam maculadas com questões de corrupção", vincou, indicando que nas suas anteriores funções, Francisco Pereira Furtado "fez um bom papel", merecendo a confiança neste momento de quem o nomeou.

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