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Angola começa em Julho a contar as últimas 100 palancas negras gigantes no mundo

O país inicia em Julho o levantamento do número de palancas negras gigantes, mas o cenário é tido como negativo, com menos de uma centena de exemplares, sendo o único país onde é possível encontrar este antílope, alvo de caçadores furtivos.

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"O último levantamento exaustivo foi feito em 2013 e apontava entre 90 a 100 exemplares, exclusivamente no sul da província de Malanje, mas só metade acompanhados. Acho que há todas as razões para estamos muito preocupados, a situação não é nada boa", reconheceu à Lusa Pedro Vaz Pinto, coordenador do projecto nacional de preservação da palanca negra gigante.

Originária de Malanje e da vizinha província do Bié, a caça furtiva, que continua a fazer-se sentir, colocou esta subespécie da Palanca Negra na lista dos animais mais raros do mundo, em que por exemplo uma epidemia pode simplesmente acabar com a sua presença.

"Uma população que está reduzida a números tão pequenos pode desaparecer de um momento para o outro, mesmo que estejamos atentos e com capacidade para reagir", admitiu luso-angolano Pedro Vaz Pinto, da fundação Kissama, que lidera este projecto de conservação.

A palanca negra gigante integra a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como estando em perigo crítico de extinção. Durante o período da guerra civil em Angola, entre 1975 e 2002, por falta de informação, chegou a pensar-se que a espécie estava extinta.

O nosso país conta com cinco das seis espécies da fauna selvagem mais traficadas no mundo. A palanca negra gigante, considerado um dos mais icónicos, maiores e mais belos antílopes do mundo, é assim "um dos animais mais ameaçados de extinção no mundo", recorda o coordenador do programa de preservação.

Dos menos de 100 que se estima ainda viverem em Angola, apenas cerca de 40 exemplares, distribuídos por duas manadas, são controlados pelas autoridades, no Parque Nacional de Cangandala, criado em 1970, e com uma área de 630 quilómetros quadrados.

Nesta área no sul de Malanje foi criado uma espécie de santuário, para acompanhamento da espécie, em que segundo Pedro Vaz Pinto tem sido possível fazer reprodução da palanca negra gigante.

Os restantes estarão distribuídos também pela Reserva Nacional Integral do Luando, criada no município de Luquembo, também em Malanje, para garantir a continuidade da espécie, uma das principais imagens de marca de Angola. "As restantes manadas estarão selvagens, sem qualquer tipo de constrangimentos às suas deslocações, mas com caça furtiva terrível", conta o responsável.

Para tentar saber quantas palancas negras gigantes existem actualmente nestas duas últimas zonas, a fundação Kissama, juntamente com as autoridades ambientais angolanas, promovem entre o final de Julho e Agosto um levantamento aéreo com contagem no terreno e colocação de equipamento de controlo em alguns dos animais.

Só no nos últimos meses foram conhecidos pelo menos dois casos de palancas negras gigantes mortas em casos de caça furtiva, situação que as dificuldades financeiras em Angola, seja por falta de apoio a projectos de conservação ou pelo "desemprego e instabilidade social", estarão a agravar. "A caça furtiva é sem dúvida o grande flagelo e no contexto actual, de crise económico, é ainda mais preocupante", concluiu.

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