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Alves da Rocha: Angola precisa de petróleo a 80 dólares para reequilibrar contas

O director do Centro de Estudos e Investigação Científica angolano defendeu que o nosso país necessita do barril de petróleo nos 80 dólares para repor o equilíbrio macroeconómico e que a recente subida não influenciará o pedido ao FMI.

Reuters:

O economista Alves da Rocha falava à agência Lusa, antecipando a chegada da missão do Fundo Monetário Internacional a Luanda, onde decorrerão reuniões para negociar o Programa de Financiamento Ampliado solicitado pelo Governo para apoiar a diversificação da economia, devido à quebra nas receitas do petróleo.

Com o barril de crude a rondar nos últimos dias os 50 dólares, acima dos 45 dólares previstos no Orçamento Geral do Estado para 2016 e já distante dos 30 dólares que chegou a valer no mercado internacional este ano, o director do CEIC não admite um retrocesso de Angola neste pedido, já que não pode ser feito "ao sabor da conjuntura".

"Quando um Governo o solicita, tem de ter uma base sólida para fundamentar o pedido. Depois, porque até pelo menos 2020 o preço do petróleo não deverá ultrapassar uma média anual de 55 dólares por barril. Uma situação melhor, mas nunca de molde a eliminar os diferentes défices da economia nacional", afirmou o director daquela instituição da Universidade Católica de Angola.

Em terceiro lugar, "o preço mínimo do barril para o país repor os equilíbrios macroeconómicos de 2012-2013 é de 80 dólares, valor que não tem condições de ser verificado segundo as agências e instituições internacionais especialistas nestes domínios", acrescentou.

Com o arranque das negociações finais com o FMI, o economista angolano disse esperar "políticas e medidas de ajustamento em baixa das contas do Estado e das contas económicas da Nação", significando "agravamento da austeridade e retracção do crescimento do Produto Interno Bruto".

"Por exemplo, como o Governo vai justificar e defender a contratação de mais 18.444 trabalhadores para a Educação e 2.146 para a Saúde, numa situação de défice fiscal relevante, queda das receitas fiscais e outras e agravamento das condições internas e internacionais de contratação de dívida pública", questionou Alves da Rocha, referindo-se às novas contratações para a função pública, que a Lusa noticiou na Segunda-feira passada.

"Só depois de praticamente terem colapsado os serviços de saúde é que as autoridades chegaram à conclusão de falta de pessoal. É uma gestão costeira e à vista que existe em muitos sectores da nossa actividade. Continuam a faltar visões verdadeiramente estratégicas sobre o evoluir da nossa nação. Se as houvesse, não andaríamos agora a correr atrás da diversificação", concluiu o director do CEIC.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, já esclareceu que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado destinado a apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

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