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Economia

Moody’s: Angola está a tomar as medidas certas para ultrapassar a crise petrolífera

A agência de notação financeira Moody's considera que Angola está a tomar as medidas certas para ultrapassar a crise petrolífera, mas salienta que a tarefa é difícil e que é cedo para avaliar os efeitos.

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"Temos uma grande confiança nas autoridades de Luanda para lidarem com a situação orçamental, mas não é possível ainda avaliar o impacto das medidas que estão e que vão ser tomadas", disse, considerou uma das analistas da Moody's que segue a situação em Angola, Rita Babihuga.

Em entrevista à Lusa depois de uma conferência sobre a avaliação do risco soberano dos países da África subsariana, a analista explicou que não é ainda possível avaliar os efeitos das medidas que o Governo tomou para lidar com a crise económica e financeira que Angola atravessa por causa da descida dos preços do petróleo e consequente redução das receitas fiscais.

"A análise é contínua, não há uma data concreta para dizer se conseguiram ou não [ultrapassar a crise]; estamos sempre a tomar em conta a reacção do Governo a choques que estão fora do seu controlo, até porque muitas das medidas não foram ainda implementadas, estamos a acompanhar e por isso ainda é cedo para dizer se estão a surtir efeito", explica a analista, lembrando que apesar de a perspectiva de evolução do 'rating' ser negativa ('negative outlook'), há aspectos positivos a favor de Angola. "O 'negative outlook leva em conta os acontecimentos recentes, mas olha também para o futuro, e o futuro próximo mostra um país altamente dependente do petróleo, cujo preço desceu para metade, impactando no crescimento económico, que será mais baixo que o esperado, mas não catastrófico", explica Rita Babihuga.

"O défice orçamental foi o mais afectado em todo o universo dos países que têm 'rating' dado pela Moody's na África subsariana, e a dinâmica da dívida vai ser afectada por estas variáveis", acrescenta a responsável, notando, no entanto, que o rácio da dívida pública deverá manter-se na casa dos 30% mesmo com os recentes empréstimos, porque "a dívida sobe, mas o PIB também cresce".

Os vários empréstimos contraídos recentemente por Angola, num valor que pode já ultrapassar os mil milhões de dólares, não causam preocupação nos analistas da Moody's, que, pelo contrário, encaram isso como positivo: "Não diria que estão a bater a todas as portas para encontrar financiamento para suprir a quebra das receitas, mas ir aos mercados mostra que têm alternativas, podem tentar minorar o problema internamente ou externamente, pesando os custos e os benefícios de cada uma das opções".

Para a Moody's, uma das coisas importantes para o Governo nesta fase de quebra de receitas fiscais e de manutenção dos preços do petróleo num patamar quase 50 por cento mais baixo que no ano passado era haver um plano prévio: "Gostávamos que estivessem mais bem preparados e que as almofadas orçamentais estivessem prontas, porque a abordagem de Luanda foi gastar imenso nas infra-estruturas, e pode-se dizer que [esta despesa pública] é uma necessidade que vai gerar crescimento, mas o abrandamento no ciclo apanhou muitos países desprotegidos e com avultados investimentos em curso", concluiu a analista.

Angola é um dos 20 países cujo crédito soberano é analisado pela Moody's na África subsariana, sendo, juntamente com a Zâmbia e o Gana, o único a ter uma perspectiva negativa de evolução do 'rating', avaliado em Ba2, abaixo do nível de investimento, geralmente designado de 'lixo'.

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