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Em oito anos de escola, alunos aprendem apenas o equivalente a três ou quatro

Os alunos aprendem em oito anos de escolaridade apenas o equivalente a terem três ou quatro anos de escola, disse esta Segunda-feira um responsável, associando problemas na aprendizagem a factores como as dificuldades de mobilidade.

: Facebook Ministério da Educação de Angola
Facebook Ministério da Educação de Angola  

Diasala Jacinto André, director geral do Instituto de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação, apontou alguns desafios da educação nas zonas mais recônditas do país, durante um encontro sobre mobilidade de professores e alunos que decorreu esta Segunda-feira no Cuíto, província do Bié.

Desistências e abandono escolar, incumprimento de programas, fadiga e absentismo são algumas das consequências para alunos e professores no acesso à educação, sobretudo em zonas rurais.

O responsável indicou que um "aluno angolano aprende, em oito anos de escolaridade, apenas três ou quatro anos", citando dados do Banco Mundial e realçando que há factores objectivos que influenciam na qualidade de aprendizagem, entre os quais as distâncias e a falta de transportes.

"Temos evidências de atraso na aprendizagem, baixo níveis de literacia e numeracia dos nossos alunos no ensino primário e estamos a atender essas preocupações no quadro do projecto Aprendizagem para Todos, financiado pelo Banco Mundial, que consiste em suprir competências pedagógicas dos professores", adiantou, salientando que os problemas foram agravados depois da pandemia da covid-19.

A taxa de analfabetismo no país está próxima dos 30 por cento e estima-se que cerca de dois milhões de crianças estejam fora do sistema de ensino em Angola.

Segundo o último anuário estatístico da educação 2021/2022 estavam em funcionamento no país 14.157 escolas, das quais 10.128 públicas, e estavam matriculados cerca de 8,5 milhões de alunos, num universo superior a 30 milhões de habitantes, em que 45 por cento da população tem menos de 15 anos.

Nelson Cacungula, director municipal de educação do Cuíto, apontou outros problemas que incidem no processo educativo nas zonas rurais, além da distância entre as escolas e as aldeias, salientando que em muitos casos as crianças fazem parte da actividade agrícola, que é vista como prioritária em detrimento da escolarização.

A falta de transportes públicos eficiente e acessível, num município vasto com muitas escolas localizadas em áreas remotas, aumenta também o tempo e custos de deslocação dos professores, que nem sempre têm meios financeiros para pagar os custos de transportes o que afecta a sua assiduidade e qualidade do ensino, notou igualmente o director municipal dos Transportes, Tráfego e Mobilidade, Zeferino Cândido Tomás.

A população do Bié está estimada em 1,8 milhões de habitantes e cerca de um terço são estudantes do ensino primário e do primeiro ciclo.

A conferência foi organizada pelo centro de estudos Ufolo em parceria com a Fundação Ulwazi, ministério da Educação e governo provincial do Cuíto, com o objectivo de discutir soluções logísticas e educativas para crianças residentes em comunidades longínquas.

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