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ARCOlisboa é oportunidade para “partilhar talento dos artistas africanos com o mundo”

A 6.ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea ARCOlisboa é vista como uma oportunidade “muito positiva” para “partilhar o talento dos artistas africanos com o mundo”, sublinharam à Lusa galerias de Moçambique e Angola.

: Rodrigo Gatinho/Observador
Rodrigo Gatinho/Observador  

Na véspera da inauguração do certame internacional, na sua edição maior de sempre, com 86 galerias de 23 países, entre elas 25 portuguesas, as alas da Cordoaria Nacional vivem a azáfama das montagens finais dos expositores e das obras dos artistas que representam.

Em 2019, a direcção da feira organizada pela IFEMA (Feiras de Madrid), em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, lançou a secção África em Foco, liderada pela curadora Paula Nascimento, um projecto em que o certame continua a investir, e que este ano recebe oito galerias.

A Galeria Arte de Gema, de Moçambique, é uma das galerias que marcam presença na ARCOlisboa desde o início deste projecto, disse à Lusa a fundadora e directora, Élia Gemuce, que abriu o espaço em 2016, em Maputo.

"A experiência [na ARCOlisboa] até agora tem sido muito positiva. O início foi um bocado lento, ainda não conhecíamos bem o mercado, mas à medida que o tempo foi passando fomos fazendo mais feiras, ganhando experiência, e dando a conhecer os artistas moçambicanos", recordou a curadora.

Nesta edição, a Arte de Gema irá apresentar obras de três artistas, todos nascidos em Moçambique: Ângela Ferreira, Gemuce e Thandi Pinto, os dois últimos residentes em Maputo, com obras em pintura, maquetes e fotocolagem.

"Fomos trazendo novos artistas, e a experiência tem sido muito satisfatória", salientou a directora da galeria moçambicana, acrescentando que o objectivo tem sido trazer artistas de várias gerações e com diferentes práticas artísticas.

Para Élia Gemuce, a ARCOlisboa "é uma excelente plataforma para interagir com diferentes públicos, que depois da feira também entram em contacto com a galeria para procurar conhecer melhor os artistas moçambicanos".

No ano passado, a ARCOlisboa, maior feira nacional dedicada à arte contemporânea, reuniu 65 galerias de 14 países e recebeu 11 mil visitantes nos quatro dias de abertura ao público, segundo os números de balanço divulgados na altura pela organização.

"É um espaço muito bom para a visibilidade dos artistas, e sobretudo estando integrado neste projecto África em Foco, é bastante relevante para o nosso trabalho", sublinhou a curadora moçambicana.

Questionada sobre a forma como tem decorrido a internacionalização dos artistas africanos, a directora da galeria referiu que passa sobretudo pela presença em feiras, nomeadamente, em Joanesburgo, na África do Sul, onde esta semana também decorre um certame congénere.

"Temos procurado sempre formas de internacionalizar porque percebemos que muitos artistas moçambicanos são ainda pouco conhecidos. Têm muito talento e queremos dá-lo a conhecer e partilhar com o mundo", salientou.

Na Galeria Arte de Gema, mais de 90 por cento dos artistas são moçambicanos, e os restantes são estrangeiros cuja prática está ligada a Moçambique, descreveu.

Também presente desde 2019 na feira, a galeria Movart – fundada em 2015, em Luanda, Angola, por Janire Bilbao – marca presença nesta 6.ª edição da ARCOlisboa com a obra de um artista lusófono: Fidel Évora, que irá apresentar o solo "Safe Space", um olhar crítico e histórico sobre o consumismo.

"Nos anos anteriores trouxemos grupos de artistas, mas este ano considerámos que seria melhor explorar um conceito mais forte, com um solo", indicou Marília Marques sobre o trabalho do artista cabo-verdiano, com curadoria de Leonor Veiga.

A gestora da Galeria Movart, que em 2020 abriu também um espaço em Lisboa, afirmou ter "muita expectativa" sobre a edição deste ano do certame de arte contemporânea.

"As feiras até hoje nunca desiludiram. São sempre espaços onde se fazem muitas conexões mundo fora, e é este o objectivo da Movart: criar um movimento entre países, e que os artistas possam ser facilmente reconhecidos ou falados", salientou à Lusa.

Para a galerista, é importante "não só em termos comerciais mas principalmente criar novas relações e parcerias que possam dar a conhecer os artistas".

O programa África em Foco volta a centrar a atenção na investigação da arte contemporânea do continente africano, e incluirá também galerias de Marrocos (African Arty), África do Sul (Afronova e Guns & Rain), assim como de França (193 Gallery), Alemanha (Artco) e Portugal (Insofar e Perve), com expositores individuais que estarão espalhados pela feira.

Estes conteúdos completam-se ainda com outras galerias africanas que participam no Programa Geral, além da Movart, L'atelier 21 Art Gallery, de Marrocos, e a angolana This Is Not A White Cube.

"ARCOlisboa é a maior feira nacional e internacional de arte contemporânea que acontece anualmente em Portugal, e os olhos dos grandes coleccionadores e instituições estão voltados para este espaço", avaliou Marília Marques.

A Movart nasceu para representar sobretudo artistas africanos, mas desde o início do ano abriu-se a outros artistas que abordem sobretudo as questões da diáspora, apontou.

Este ano, a participação de galerias portuguesas representa 30 por cento da feira, com 25 representadas, e o segmento internacional situa-se nos 70 por cento — 61 galerias —, sobretudo oriundas da Europa.

Pela quarta vez, a ARCOlisboa irá atribuir o Prémio Opening Lisboa, cujo júri, constituído por profissionais do sector, reconhecerá o melhor expositor da secção com a cedência do espaço expositivo na feira como prémio.

Nesta edição haverá novamente o espaço ArtsLibris, área especializada em edições de artista, fotolivro e publicações digitais, com cerca de trinta expositores nacionais e estrangeiras, no Torreão Nascente da Cordoaria, com acesso gratuito ao público.

Tal como nas edições anteriores, decorrerá um programa cultural paralelo em articulação com instituições como museus, inaugurações e visitas a exposições e colecções privadas, entre outros eventos.

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