A informação sobre a campanha que se iniciou a 5 de Maio e que termina a 5 de Julho, com o lema "Meu Corpo não é sua Fantasia", foi esta Segunda-feira avançada à Lusa pelo director de Comunicação Institucional e Imprensa da delegação provincial de Luanda do Ministério do Interior, Hermenegildo de Brito.
Segundo a mesma fonte, os números semanais chamam a atenção às autoridades, como espelham o da última semana em Luanda, com a detenção de três pessoas de 19, 21 e 25 anos, acusadas de violarem crianças menores de cinco anos.
O balanço do último fim-de-semana da polícia em Luanda dá conta que os casos foram registados nos municípios do Cazenga, bairro Hoji-Ya-Henda, e de Belas, no bairro Bita Progresso, tendo as detenções ocorrido "após intenso trabalho de inteligência policial".
"Os factos ocorreram quando os infratores se aproveitaram da ausência dos progenitores para consumarem o ilícito", refere-se no documento.
Hermenegildo de Brito salientou que a campanha visa despertar as famílias, as pessoas e a comunidade da existência deste mal e que todos devem participar para a diminuição significativa deste tipo de crime.
"Nós temos, na verdade, todos os dias em Luanda uma criança menor de dez anos violada sexualmente, não podemos olhar impávidos e serenos perante este mal, temos de alertar as comunidades e informar que, sendo um crime público, todos podem participar, denunciar, às autoridades, ao INAC [Instituto Nacional da Criança]", disse.
O responsável frisou a dificuldade que as pessoas têm em participar casos do género, por se tratar na maior parte das vezes de um crime que acontece "intramuros, no seio familiar".
"O segundo aspecto é que muitas vezes são pessoas próximas à vítima, familiares, vizinhos o que de 'per si' inibe as pessoas de denunciarem e consequentemente os casos vão aumentando, o problema vai-se agravando e nós com essa campanha queremos despertar para que aumentem as denúncias e que a nível criminal os prevaricadores sejam responsabilizados", sublinhou.
A campanha teve o seu arranque a partir das redes sociais, com a divulgação de informação, mas complementam a acção meios de comunicação social tradicionais, igrejas, artistas, fazedores de opinião, "para que a mensagem seja mais facilitada".
"Vamos também entrar nos bairros, nas comunidades mais afectadas, para o despertar da consciência das pessoas", disse Hermenegildo de Brito, destacando que o crime acontece em toda a província, mas com maior frequência nas zonas suburbanas, nomeadamente no município de Viana, Cacuaco, Cazenga, Belas.
"Sobretudo naqueles bairros que emergiram muito rapidamente e naquelas famílias desestruturadas, em que a mãe sai logo de manhã e quem cuida das crianças também é criança e o vizinho ou um tio se apercebe, prevaricando", acrescentou.