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Adalberto Costa Júnior: proposta de revisão da Constituição em “mau momento, tardia e fechada”

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, afirmou esta Sexta-feira, em Bissau, que a proposta de revisão da Constituição apareceu num "mau momento, tardia e fechada” sem procurar consensos.

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"Ninguém propõe uma revisão constitucional em pré-campanha eleitoral. Quando já se está com a corrida em andamento não se mudam as regras, particularmente quando nós propusemos esta revisão permanentemente e o Presidente da República não a aceitou, não se mostrou disponível", disse Adalberto Costa Júnior, líder da oposição angolana.

O líder da UNITA falava em Bissau, onde realizou uma visita de cerca de 24 horas, no âmbito de um périplo a vários países europeus e africanos para recolha de apoios políticos.

"Esta é uma proposta que não partiu pela busca de consensos no país, foi uma iniciativa em mau momento, tardia e fechada, não está aberta, nomeadamente, às respostas que todo o angolano pretende no que diz respeito, particularmente, à eleição do Presidente da República", considerou, quando questionado sobre o assunto.

O chefe de Estado, João Lourenço, apresentou no início de Março uma proposta de revisão da Constituição, que tem sido criticada pela sociedade civil.

"O Presidente da República em Angola é eleito à boleia do boletim dos deputados. Nunca se viu o mesmo boletim eleger dois órgãos de soberania, órgãos que deveriam ser complementares. Este é um dos aspectos fundamentais, entre outros", explicou o presidente da UNITA.

"É de facto o problema dos partidos hegemónicos, partido único, que tem ainda o Estado partidário na realidade da nossa dimensão", criticou.

Adalberto Costa Júnior salientou que Angola, para ser um país desenvolvido, tem dois grandes desafios para concretizar.

"A coragem de fazer a revisão da Constituição adaptada aos desafios que temos e a coragem de fazer a reforma de Estado, a despartidarização das instituições de Estado. São desafios que parece o MPLA tem vindo a demonstrar não estar com a coragem de o fazer e nós estamos preparados, em nome de Angola, para o fazer se quisermos abraçar o desenvolvimento", referiu.

Questionado sobre um aumento da tensão e intolerância política, com a aproximação das eleições gerais, que se realizam em 2022, o líder da UNITA respondeu que "infelizmente é uma realidade".

"Nós acompanhamos um ciclo de mutação em 2017 de liderança no âmbito do país. Essa nova liderança surgiu com um discurso de reformas, de combate à impunidade, à corrupção e decorridos três anos e meio infelizmente a decepção é grande", frisou.

Para Adalberto Costa Júnior, Angola está pior do que no período de transição que trouxe esperança, mas actualmente os angolanos vivem pior e com mais dificuldades e a crise económica aprofundou-se.

"Estamos a viver um período de pré-campanha eleitoral, as eleições gerais de 2022 vão seguramente ter lugar, a expectativa é muito grande, embora por etapas o Governo tenha tendência de incumprir com compromissos estratégico e institucionais, parece-me impensável que no que diz respeito a estas eleições não surja o compromisso de as realizar nos 'timings' que a Constituição obrigava", salientou.

Sobre uma eventual desconfiança da UNITA em relação à Comissão Nacional de Eleições, o líder do partido disse que não é uma "desconfiança da UNITA, é dos angolanos".

"Nós temos hoje todas as forças vivas da sociedade a pedir a eleição directa do Presidente, a reforma do Estado, a revisão da Constituição. O povo também maturou", declarou.

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