Ver Angola

Banca e Seguros

BPC: maior banco do país com buraco de mais de 5000 milhões de dólares

O BPC, o maior banco do país, totalmente detido pelo Estado, fechou 2017 com um buraco de 5200 milhões de dólares, essencialmente devido ao crédito malparado, o segundo pior registo da história da banca em Angola.

:

Os dados constam do prospecto da emissão de eurobonds. No documento, é referido que em Dezembro de 2017 o Banco de Poupança e Crédito (BPC) tinha aproximadamente 874 mil milhões de kwanzas (5200 milhões de dólares) de activos com baixo desempenho e em incumprimento.

No mesmo mês, o Estado já tinha emitido títulos de dívida pública no valor de 231 mil milhões de kwanzas a favor da sociedade estatal Recredit, para compra de valor equivalente de crédito malparado do BPC, que tentará depois cobrar.

O Estado é accionista do BPC, através do Ministério das Finanças (75 por cento), do Instituto Nacional de Segurança Social (15 por cento) e da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10 por cento), que suportaram em 2017, na proporção da sua participação, o financiamento do aumento de capital do banco, no âmbito do processo de reestruturação em curso.

Em 2014, um volume de crédito malparado superior a 5700 milhões de dólares obrigou à intervenção do Estado no Banco Espírito Santo Angola (BESA), constituindo este o maior buraco da banca do país. Após o colapso da BES português, o BESA foi transformado, por decisão dos novos accionistas e conforme exigência do banco central, em Banco Económico, a 29 de Outubro de 2014, avançando também um aumento de capital e a entrada da petrolífera Sonangol no capital social (39,4 por cento).

Em 2017, a administração do BPC constituiu 72,7 mil milhões de kwanzas para "imparidades e provisões" do exercício de 2016, reflectindo nas contas uma perda potencial ou efectiva de 400 milhões de dólares em créditos concedidos anteriormente.

"Esta iniciativa será reforçada em 2017, com o intuito de assegurar o saneamento efectivo da carteira de crédito do banco e atingir um rácio de transformação abaixo dos 70,0 por cento", anunciou ainda a administração do BPC, na altura.

Esta medida foi então acompanhada de um reforço dos fundos próprios do banco pelos accionistas, em 26,9 por cento, face a 2015, passando para 171,9 mil milhões de kwanzas.

Em 2015, o BPC tinha 406 agências em todo o país, com 5.354 trabalhadores, números que subiram, respectivamente, para 443 e 5530 até final do ano seguinte. Entretanto, a instituição iniciou um processo de redução do número de agências em todo o país.

"O banco vive um momento muito particular da sua história. Queremos sanear e reestruturar o BPC. Vamos fazê-lo para que o banco sirva convenientemente o Estado, seu único accionista", disse anteriormente o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

O plano de recapitalização do banco, explicou a instituição, envolve várias acções que "visam assegurar a manutenção de uma posição financeira sólida e de um nível de rendibilidade sustentável e adequado ao perfil de risco do BPC".

Nomeadamente o aumento do capital social por subscrição de acções ordinárias pelos accionistas, no montante de 90 mil milhões de kwanzas e com a venda da carteira de saneamento (crédito malparado) à Recredit, uma espécie de ‘banco mau' criado pelo Estado para gerir os activos de cobrança duvidosa da banca.

Envolve ainda a emissão de instrumentos de dívida subordinada convertível elegíveis para fundos próprios base no valor global de 72 mil milhões de kwanzas.

"A utilização de fundos públicos é razão mais do que determinante para que o actual conselho de administração encare esta situação como um desafio a vencer, em nome de todos os angolanos. O conselho de administração está ciente dos desafios que tem pela frente, e acredita genuinamente, que num contexto normal de evolução do mercado, o BPC irá voltar a liderar o sistema financeiro angolano, no apoio às famílias, às instituições e às empresas nacionais", conclui o banco, na mesma informação, de 2017.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.