Conforme a Lusa constatou no interior do hipermercado, um investimento de 40 milhões de dólares nos arredores do centro da capital, Isabel dos Santos, considerada a mulher mais rica de África, passeou-se, às compras, na companhia do marido, o empresário Sindika Dokolo, e os filhos, sem qualquer aparato de protecção, durante a tarde.
"É ela ou não?", questionavam em surdina os clientes, perante a naturalidade da empresária, filha do Presidente José Eduardo dos Santos, enquanto conferia o preço do pão no interior do hipermercado, de 10.000 quadrados e com aposta declarada nos produtos nacionais angolanos.
A rede "Candando", do grupo angolano Contidis, propriedade de Isabel dos Santos, é liderado pelo português Miguel Osório, que confirmou à Lusa a enchente no primeiro dia: "Tivemos sempre as 36 caixas abertas e pontualmente foi necessário reforçar alguns serviços. Nem nos melhores sonhos pensávamos ter um dia de abertura assim", disse o director-geral do "Candando".
A abertura confirmou também o aviso que já tinha sido feito na inauguração, na Terça-feira, de limitar as vendas por clientes "para evitar a especulação de preços através do açambarcamento de produtos", apontou Miguel Osório. Por isso mesmo, todos os produtos da loja foram limitados a um máximo de 10 unidades/quilograma por cliente, medida que se vai manter por tempo indeterminado.
No dia de estreia do hipermercado, por vezes com longas filas para a caixa e sobretudo no parque de estacionamento, foi também visível a grande disponibilidade de produtos importados, de todo o tipo e que raramente se encontram nas restantes grandes superfícies de Luanda, devido à crise da falta de divisas, para compras ao exterior.
Além disso, para esta primeira loja, que levou à criação de 750 postos de trabalho directos, o grupo já firmou contratos com 15 produtores nacionais, que vão fornecer 90 por cento das necessidades de vegetais e mais de 40 por cento das de fruta, chegando a 300 toneladas por mês. No total, o grupo estima a compra semanal de 225 toneladas de produtos nacionais oriundos de todas as províncias, como o peixe fresco adquirido quase na totalidade nas praias angolanas entre Ambriz e Porto Amboim.
A marca "Candando" (palavra da língua quimbundo que significa "Abraço") foi criada há cerca de seis meses e é liderada por Miguel Osório, ex-quadro da Sonae e agora director-geral do Projecto angolano, depois do fim da parceria de Isabel dos Santos com aquele grupo português do retalho.
A Contidis prevê a abertura de dez lojas "Candando" em cinco anos, num investimento global de 400 milhões de dólares. No exterior da área da loja funcionam lojas do banco BIC, da operadora de telecomunicações Unitel e da operadora de televisão por satélite Zap, empresas angolanas participadas por Isabel dos Santos.
O próximo hipermercado do grupo será instalado no centro de Luanda, no prazo de um ano, anunciou o director-geral do grupo.
