Em declarações à Lusa, Job Monteiro, coordenador e gestor técnico do projecto de formação de recursos humanos do Ministério da Saúde (Minsa), adiantou que a iniciativa se enquadra no plano emergencial de formação de quadros do Ministério da Saúde que visa em quatro anos abranger 38.000 profissionais de várias carreiras.
Destes 38.000 profissionais, 3000 deverão ser médicos, 9000 enfermeiros especializados, 9000 técnicos de enfermagem, 9000 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 4000 profissionais do regime geral e 4000 profissionais de apoio hospitalar.
A maior parte desta formação, segundo Job Monteiro, será feita em Angola e apenas 20 por cento deverão fazer a sua especialidade fora de Angola, sendo Portugal um dos países escolhidos, ao abrigo de um acordo de cooperação assinado entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Angola.
"Este acordo prevê que nós tenhamos de especializar nos próximos quatro anos em Portugal, com estágios em diferentes áreas e diferentes carreiras do sector, 630 profissionais", complementou.
Os primeiros passos vão começar a ser dados com os 117 médicos finalistas do curso de Medicina Geral e Familiar que, na próxima semana, vão ser distribuídos por várias unidades de saúde, para realizar estágios profissionalizados de até 3 meses em Portugal.
Job Monteiro adiantou que 136 profissionais de saúde se encontram em Cuba e outros 111 partiram recentemente para o Brasil.
"A divisão que foi feita do ponto de vista de prioridade formativa foi entre áreas prioritárias, carenciadas e áreas emergenciais", indicou o responsável do Minsa, explicando que as áreas prioritárias são aquelas em que Angola já oferece os cursos de especialidade pelo que irão deslocar-se para Portugal apenas para estágios de curta duração.
As áreas carenciadas, como neurocirurgia, neurologia, ortotraumatologia ou nefrologia, são aquelas em que não é possível cumprir todo o programa rotativo da especialidade, enquanto as áreas emergenciais significam a quase total ausência de especialistas, como é o caso da reprodução medicamente assistida ou dos transplantes.
Os médicos angolanos deste primeiro contingente vão partir para Portugal em diferentes voos, mas estarão a partir da próxima Segunda-feira em 16 unidades de saúde onde vão desenvolver o estágio profissional, em articulação com as equipas locais.