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Fiéis da IURD em Luanda queixam-se de agressões da polícia durante a madrugada

Fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola queixam-se de actos de agressão alegadamente praticados pela polícia na madrugada desta Quarta-feira à entrada da Catedral do Maculusso, em Luanda, onde se encontravam em vigília.

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Imagens que circulam nas redes sociais, em Luanda, retratam uma forte presença policial na madrugada desta Quarta-feira, defronte ao templo da IURD no Maculusso, onde estavam em vigília e oração dezenas de fiéis que terão sido forçados a abandonar o local.

Vídeos e fotografias descrevem momentos de pânico defronte e no interior da Catedral com relatos de alguns feridos, entre pastores e fiéis, na sequência da dispersão destes supostamente com lançamento gás lacrimogéneo e actuação da brigada canina.

"Sim, todos nós, o povo da igreja, fomos impedidos de entrar no templo do Maculusso desde a madrugada de hoje. Temos estado aqui a fazer vigília todas as noites e hoje fomos forçados a abandonar o recinto mesmo diante da nossa igreja", contou esta Quarta-feira à Lusa Engrácia Miguel.

Pelo menos quatro pessoas terão sido feridas em consequência deste acto, disse esta fiel da IURD, que lamenta a postura dos efectivos da polícia nacional e das autoridades administrativas que "tencionam impor" um novo líder à IURD em Angola.

"Neste momento, polícia tomou conta do recinto e estamos afastados, somos mais de 500 mil fiéis e não aceitamos a imposição do senhor Valente (bispo da ala dissente) que se quer intitular como líder da nossa igreja", disse.

"O acórdão foi claro, os pastores foram absolvidos, aguardámos os dois anos pacientemente, esperámos pela justiça, mas agora que chegou a decisão do tribunal e a igreja foi inocentada, não vemos porque é que a polícia vem por cima de nós", acrescentou Engrácia Miguel.

O templo do Maculussso consta entre mais de 100 afectos à IURD a nível de Angola, que estiveram encerrados durante dois anos, no âmbito de uma ordem judicial.

A polícia em Luanda referiu que a medida resulta do cumprimento de uma ordem judicial e que destes "actos de desacato ninguém foi detido".

O Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional anunciou esta Quarta-feira que continua interdito o acesso aos templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola até o tribunal notificar as autoridades policiais para o seu levantamento.

A informação foi transmitida pelo porta-voz da polícia em Luanda, Nestor Goubel, afirmando que a corporação começou a desenvolver uma operação policial "conducente a garantir o cumprimento da ordem de interdição proferida pelo tribunal".

Questionado pela Lusa sobre a existência de feridos, o porta-voz disse que não tem conhecimento, mas que a polícia vai apurar essa informação.

Um acórdão do Tribunal da Comarca de Luanda, datado de 31 de Março de 2022, absolveu os pastores da IURD dos crimes que vinham sendo acusados e determinou o "levantamento das apreensões e a restituição imediata" os templos, encerrados há dois anos, como disse na terça-feira o bispo Alberto Segunda.

Alberto Segunda (líder da ala brasileira), que falava em conferência de imprensa, deu conta que a reabertura dos templos da IURD, há uma semana, foi seguida de alegadas "ameaças e intimidações" por parte de responsáveis do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR) angolano e de agentes da polícia contra os seus fiéis.

A direcção da IURD reconhecida pelo INAR é encabeçada pelo bispo Valente Bizerra Luís, que coordenava a comissão de reforma que entrou em conflito com a liderança brasileira da IURD em 2019.

Ambas as alas - a de origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda, e a ala dissidente, angolana, dirigida por Valente Bizerra Luís - reclamam ser as legítimas representantes da igreja fundada por Edir Macedo.

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