Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) a situação dos órgãos de comunicação, sobretudo dos privados, "já era complicada antes mesmo da pandemia", defendendo a "implementação urgente" da Lei dos Incentivos prevista na Lei de Imprensa.
Em declarações à agência Lusa, Teixeira Cândido recordou que a principal fonte de receitas dos órgãos é a publicidade, que segundo as agências, frisou, "caiu para 60 por cento", agravada agora pela pandemia covid-19, porque "agora quase que ninguém publicita".
"A situação é muito crítica e, então, há aí uma necessidade de se abordar os órgãos do Estado para ver o que eles podem fazer", apontou, questionando apoios concretos aos órgãos de comunicação no recente pacote de alívio fiscal criado pelo Estado.
O líder sindical adianta que inclusive os grandes grupos de comunicação do país estão com dificuldades para pagar salários, havendo alguns "com dois meses em falta", devido a problemas de tesouraria.
"A proposta é abordar as autoridades competentes no sentido de elas poderem olhar para este sector, porque também albergam trabalhadores e a situação é muito crítica", disse, garantindo que "a sobrevivência dos órgãos de comunicação angolanos está em jogo".
Por seu lado, o presidente do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA, na sigla inglesa) Angola, André Mussamo, manifestou dúvidas sobre a possibilidade de o Governo ajudar os órgãos de comunicação privados.
"Isso porque o histórico nos mostra que o Governo não é muito amigo dos órgãos de comunicação social privados", afirmou em entrevista à Lusa.
Em situação de aperto devido à crise económico-financeira agora agravada pela covid-19, Mussamo diz não acreditar que as autoridades surjam agora em socorro à imprensa privada, referindo que a atual situação "é triste, preocupante, lamentável".
Determinados órgãos, acrescentou, "já estão a aventar a possibilidade de reduzir as equipas para metade, cancelar os contratos de trabalho ou ainda pagar o salário do mês de Março já em metade".
"Vamos, simplesmente, desejar que os accionistas, os órgãos e as direcções sejam engenhosos e encontrem alternativas para no mínimo salvaguardarmos os postos de trabalho destes profissionais que ao fim de tudo são chefes de famílias", concluiu.