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Luanda precisa de 20.000 carteiras só para as escolas do município

As escolas do município de Luanda precisam de pelo menos 20.000 carteiras face às necessidades já identificadas, com as autoridades a lamentarem a situação de carência em que milhares de alunos estudam, mas que atribuem à crise económica.

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A informação foi avançada à agência Lusa pela directora da Educação do município de Luanda, Joana Torres, que aponta a crise como o grande entrave na materialização das acções, num dos mais populosos municípios do país, com mais de um milhão de habitantes.

"Neste preciso momento, o município de Luanda precisa de 20.000 carteiras. E porque este ano, no nosso quadro resumo, não vem dinheiro para comprar carteiras, a situação estará condicionada. Não há liquidez financeira atendendo à situação que se vive agora no país, mas estamos a fazer tudo para que este quadro mude", apontou.

A Lusa noticiou na Terça-feira que alunos da escola primária 1127, no distrito urbano do Sambizanga, no centro de Luanda, assistem às aulas apoiando o caderno no joelho ou na parede, precisamente devido à falta de carteiras.

A escola lecciona em dois turnos, deste a iniciação ao sexto ano, e tem oito salas de aulas com a maior parte das carteiras danificadas, cenário que se repete por vários estabelecimentos escolares de Luanda, como relatam os professores. Joana Torres afirmou estar a par da situação e admitiu tratar-se de um cenário que se regista em "grande parte das escolas de Luanda".

Numa turma com mais de 45 alunos, na escola 1127, grande parte dos mesmos partilham as poucas cadeiras que ainda resistem ao tempo, mas o recurso ao joelho ou à parede para anotar os apontamentos dos professores é um exercício diário.

"Escrevo apoiando no joelho porque não há carteiras e nem sequer consigo escrever em condições. Dói muito o joelho e as costas e é assim todos os dias. Os outros colegas quando estão cansados apoiam também na parede", explica Euclides Mateus da terceira classe. Situação semelhante é narrada por Larissa do Rosário, que confessa chegar a casa todos os dias "com dores nas costas e no joelho".

De acordo com Joana Torres, a situação porque passam os alunos da 1127 "é lamentável", porém augura por dias melhores. "É normal que tenham essas dores em função das más posturas que eles vão tomando durante as aulas, mas temos contactado os pais e encarregados de educação, só que a situação não está fácil. Eles também nos têm ajudado muito nessa situação, mas melhores dias virão", rematou.

O ano lectivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 1 de Fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de Dezembro.

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