A assinatura é de Vítor Sobral, nome ímpar na cozinha portuguesa. As suas “Esquinas” percorrem a lusofonia e prometem experiências para os cinco sentidos. À Kitanda, o reconhecimento chegou cedo e não passou despercebido. No mapa como um dos melhores restaurantes de Luanda, deixa em aberto a hipótese de vir a adoçar a capital angolana, com uma padaria/pastelaria gourmet.
O que é que leva um dos mais reconhecidos chefs portugueses – com restaurantes sólidos em Portugal e no Brasil – a pegar nas malas e a rumar a Luanda por causa de um novo restaurante?
Existem raízes fortes ente Portugal e Angola o que me leva a sentir Angola como mais um destino para a lusofonia.
Podemos dizer que a Kitanda da Esquina é um dos irmãos mais novos do original Tasca da Esquina?
A Kitanda da Esquina é o irmão lusófono da Tasca da Esquina. A Kitanda sofreu várias alterações conceptuais devido ao mercado em si, cultura e disponibilidade de produtos. O menu fica nas mãos do Chef, um dos grandes factores de diferenciação da Tasca da Esquina, não se encontra na Kitanda. Este é um dos exemplos que distingue uma marca da outra.
Foi difícil pegar num “pedaço” de Portugal e levá-lo até a Angola? O que é que quer dar a conhecer aos angolanos?
Levar Portugal para Angola não foi difícil, uma vez que existe um conhecimento ambíguo entre ambas as culturas. Não nos podemos esquecer da história, sendo que a sua narrativa perdura há mais de 500 anos. Hoje somos todos uma família. A parte difícil foi o público em geral entender o conceito.
Qual o conceito do Kitanda da Esquina? O que é uma “tasca chic”?
O conceito Kitanda da Esquina tem a ver com três itens muito importantes que são para mim referência no mundo da restauração. Ter uma relação preço qualidade justa. Que as pessoas sintam à vontade e em casa para que possam lá ir todos os dias. Existir uma preocupação acrescida com todos os detalhes.
Os produtos portugueses são destaque, não só no prato, mas também na decoração. Quais é que são “as jóias da coroa” no Kitanda?
Para mim as jóias da coroa são mesmo os sofás que foram revestidos com panos de fabrico local.
Tem ideia de qual o contributo do restaurante na importação de produtos portugueses?
Qualquer restaurante meu tem uma componente importante de produtos portugueses, logo, a Kitanda da Esquina não foge a esse predicado.
Dizem que o menu do restaurante vai do Alentejo a África e ainda dá um saltinho ao Brasil. Como é isso? Afinal o que é que se come no Kitanda da Esquina?
Come-se lusofonia pura. Portanto, lusofonia vai do Alentejo ao Brasil sempre valorizando África e os seus produtos locais.
Podemos dizer que a gastronomia de alta qualidade é protagonista?
Não há gastronomia de alta qualidade. O que existe é comida bem-feita e comida mal feita. O que nós fazemos é comida bem-feita.
Os vinhos portugueses também estão em destaque. O que é que recomenda?
É sempre difícil recomendar um vinho. Depende sempre do prato que o acompanha.
E as sobremesas? São os típicos doces portugueses?
Também, mas não só. As sobremesas seguem a filosofia da carta dos salgados.
É verdade que está a ponderar a hipótese de abrir também uma padaria/pastelaria gourmet no espaço do Kitanda?
Sim, é.
Olfacto, visão, paladar, tacto e audição. Estes são os cinco sentidos e um dos motes do Kitanda da Esquina. O que fazem para explorar cada um deles? O espaço cultural e musical desempenham um papel fundamental no restaurante?
Sim, fazem parte de toda a experiência. Quanto ao espaço cultural e musical, até à data não desempenham um papel crítico. No entanto, é uma das áreas a explorar a médio prazo.
Como é que se sente ao saber que o Kitanda da Esquina venceu nos prémios Luanda Nightlife, na categoria de melhor restaurante novo? Esperava este reconhecimento tão instantâneo?
Não estava à espera mas é sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido.
Quais os próximos passos de Vitor Sobral em Angola? Já tem novos projectos?
Sim, há novos projectos. Vamos manter a surpresa. Fiquem atentos.
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