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Economia

BCG: crise obriga empresas públicas a “negociações mais duras”

O director-geral da Boston Consulting Group em Angola considera que as empresas públicas angolanas estão mais criteriosas na despesa e obrigam a "negociações mais duras", mas sublinha que no sector privado não existem grandes diferenças.

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Em entrevista à Lusa a propósito do impacto da descida do preço do petróleo nas contas públicas angolanas e das repercussões na 'economia real', Alexandre Gorito divide os impactos em duas vertentes - empresas públicas e o sector privado. "Notamos um controlo muito maior nos gastos, as empresas públicas são bastante mais criteriosas na despesa, têm um orçamento mais pequeno, lançam mais concursos públicos e menos adjudicações directas", explicou o gestor, notando que, no capítulo onde a situação ficou realmente complicada, foi no nos pagamentos, quer de salários, quer das empresas públicas.

"Houve atraso nos pagamentos das empresas públicas aos fornecedores. A dada altura, houve um problema de liquidez no Estado que se sentiu nos pagamentos e agora está a ser recuperado, mas isto teve influência nos pagamentos, que atrasaram e afectaram toda a gente, nomeadamente no que diz respeito aos salários, mas agora estão progressivamente a resolver", disse o director da norte-americana BCG em Angola.

Para contornar a dificuldade em obter dólares para as transferências bancárias, Alexandre Gorito afirmou que as empresas, principalmente as maiores, "começaram a processar os salários mais cedo, o que fez com que numas vezes recebessem antes do fim do mês, e noutras receberam com atraso".

Angola foi notícia devido às notícias sobre salários em atraso entre os portugueses, mas a vida, segundo este gestor, continua praticamente na mesma, havendo até situações curiosas de falta de cerveja angolana que é compensada pelo 'stock' das tradicionais cervejas portuguesas. "Continua a haver produtos portugueses nas prateleiras dos supermercados, os restaurantes mantêm o preço. Aliás, esta semana até se deu o caso de num restaurante ter acabado a 'Cuca' e acabámos a beber 'Super Bock'. Os aviões estão sempre cheios e não noto que haja menos estrangeiros", relata este consultor que divide a vida profissional entre Lisboa e Luanda.

"No sector da consultoria admito que estamos numa espécie de 'bolha', mas há sectores mais expostos, como a construção, onde os projectos são mais fáceis de cortar ou suspender, e houve obras que foram suspensas ou mesmo canceladas", adiantou, considerando que "Angola teve um momento de pânico no final do ano passado, mas depois foi aprovado o Orçamento rectificativo, viram que tinham liquidez e reagiram muito bem" desde então. Os artigos na imprensa, concluem, "eram demasiado alarmistas para o que se está a passar".

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