Zafrir Vaknin, que falava num pequeno-almoço com a comunicação social, disse que a empresa que actua em Angola há 10 anos está agora a iniciar as suas actividades noutros países africanos, como a Costa do Marfim, com sistemas de água, e o Senegal com infraestruturas de irrigação agrícola.
Na quarta-feira vai ser assinado um contrato financeiro para desenvolver um projecto de abastecimento de água em 95 aldeias na Costa do Marfim, replicando o programa Água para Todos "com algumas modificações", salientou.
O programa Água para Todos, desenvolvido em duas fases, e lançado na altura em que José Eduardo dos Santos era ainda Presidente de Angola, visava a introdução de infraestruturas de abastecimento de água integradas e sustentáveis em áreas rurais.
No total, foram investidos 274 milhões de dólares nas duas fases do programa, que decorreu entre 2013 e 2020, com intervenções em 214 aldeias de cinco províncias angolanas.
A meta era levar água a 80 por cento da população rural, mas estima-se que essa percentagem ronde actualmente os 25 a 30 por cento.
O presidente-executivo da empresa de origem israelita, baseada na Suíça, explicou que um dos principais desafios do programa foi a logística, devido às dificuldades de acesso a algumas zonas e garantiu que foram aprendidas algumas lições, sublinhando que a "simplicidade e baixa manutenção" dos projectos são decisivas.
"Absorvemos conhecimento nesses tempos em termos de logística e de tecnologia. Tínhamos ideias para introduzir inovações mais sofisticadas, que nos pareciam boas, mas não vamos adoptá-las. Aprendemos a lição de simplificar o projecto o mais possível, e é isso que o cliente também quer", realçou.
Apesar do "terem sido investidos muito dinheiro e muitos esforços" no programa Água para Todos, as metas ficaram longe dos objectivos e actualmente só 35 a 40 por cento das aldeias mantém os sistemas em funcionamento e "estão a trabalhar bem".
Zafrir Vaknin considerou, no entanto, que "o projecto em si foi um sucesso" até ao final dos 12 meses de manutenção que estavam ainda contratualizados e afirmou que as autoridades locais foram alertadas para a necessidade de se envolverem e ajudar a cuidar das infraestruturas.
A empresa está actualmente focada nas áreas urbanas e tem actualmente em curso vários projectos, alguns em parceria com outras subsidiarias da Mitrelli como a Kora (construção e imobiliário).
Até Setembro, pretende lançar novos programas como o Proágua, em parceria com a francesa Suez, avaliado em 200 milhões de euros, e dois sistemas de abastecimento de água no Bailundo (Huambo) e no Andulo (Bié), avaliados em 80 milhões de dólares.
Segundo o mesmo responsável, o financiamento dos projectos da Owini é diversificado. Além da Luminar que financia apenas projectos da Mitrelli (pertencendo ambas ao universo da Menomadin, o grupo de milionário israelita Haim Taib), contam com agências de crédito à exportação e recurso à banca israelita e internacional, bem como instituições financeiras internacionais.
Quanto ao arranque do Proágua, a Owini está pronta para avançar a qualquer momento, estando apenas a aguardar o 'downpayment' (adiantamento) do governo, referiu.
Na obra deverão estar envolvidas empresas de outros países, incluindo portuguesas, que têm sido parceiras noutros projectos do Mitrelli, acrescentou.
O projecto que consiste no reforço da capacidade operacional da Empresa Pública de Águas de Luanda prevê a reabilitação da rede de distribuição de água de Luanda, reparação de Estações de Tratamento de Água (ETA), aumento da produção de água e transferência de conhecimento e gestão ao longo de seis anos (três de execução e três de acompanhamento).
A Owini emprega actualmente cerca de cem trabalhadores (21 estrangeiros e 72 de nacionalidade angolana) e, segundo Zafrir Vaknin, tem apostado no recrutamento de mais quadros nacionais, entre os quais engenheiros.
Em Junho, a empresa tenciona promover uma feira de emprego para recrutar jovens profissionais angolanos que possam contribuir com novas competências, complementou.