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Angola discute criminalização enquanto na rua bastam alguns dólares para abortar

A proposta de criminalizar totalmente a interrupção voluntária da gravidez no novo Código Penal está a dividir a sociedade local, mas em Luanda é possível, numa simples ronda pelas ruas, conseguir abortar clandestinamente por poucos dólares.

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Apesar de ser ilegal à luz da legislação actual, segundo os comerciantes de medicamentos nos mercados informais de Luanda, contactados esta Segunda-feira pela Lusa, homens e mulheres continuam a procurar por medicamentos como o "Cytotec" e o "Primolut" para interromperem a gravidez.

Além disso, garantem que existem igualmente centros clínicos nos arredores de Luanda que, de forma clandestina, praticam o aborto cobrando entre 40 a 60 dólares.

"Agora, o mais seguro é mesmo ir num posto médico. Dão uma injecção e expulsam logo o feto em cinco minutos. Nos mercados já estão a vender comprimidos Cytotec falsos e ainda na semana morreu uma vizinha minha, devido a isso", contou à Lusa Filomena Tchowá, vendedora ambulante de medicamentos em Luanda.

Outro vendedor de medicamentos, Nsimba Josué, explicou à Lusa que uma lâmina com três ou quatro comprimidos para interromper a gravidez pode custar entre 10 a 18 dólares, por vezes até menos.

"Mas eu não vendo disso", advertem estes vendedores, temendo represálias num momento de controvérsia no país sobre o tema.

Noutros pontos, estes vendedores, embora com cuidados redobrados e sem nunca se identificarem, explicam a forma de tomar os comprimidos (três a seis), garantindo que a taxa de sucesso neste tipo de aborto é superior a 90 por cento.

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