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Saúde

Pediatria de Luanda sem capacidade e meios para atender mais de 500 crianças por dia

A directora clínica do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino classificou hoje como preocupante a situação naquela unidade sanitária, que está a observar uma média diária de mais de 500 crianças e mais de 100 internamentos.

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Elsa Gomes, que falava à imprensa, disse que nos últimos dias aumentou a afluência de pacientes àquela unidade hospitalar, devido a várias doenças, maioritariamente malária, acompanhada de anemia severa, que está a causar uma média por dia de 15 óbitos.

"Não sabemos bem o que é que se passa na rede periférica, nós em média observamos uma média de 500 e tal crianças por dia e estamos a internar mais de 100. O que nos dizem é que já foram a vários hospitais e que não encontraram médicos e por isso vêm a esta instituição, não sei qual é a veracidade da situação, mas a verdade é que nós temos uma quantidade muito grande de pacientes", disse Elsa Gomes.

Segundo a responsável, o hospital tem também um número exíguo de enfermeiros para atender à procura. "Nós temos um número muito limitado de enfermeiros, isso é de conhecimento de toda a gente que já há uns anos que não há concurso público, saíram principalmente enfermeiros por transferência, porque chegou a altura das pessoas pedirem aposentadoria e nós temos um número muito exíguo de enfermeiros e daí a grande dificuldade que nós temos em atender todos os doentes que nos chegam", salientou a médica. O hospital tem 347 camas, 35 das quais no banco de urgência.

Elsa Gomes sublinhou que para a alteração do actual quadro, só uma melhoria na rede do saneamento básico poderá fazer mudar as estatísticas daquela unidade sanitária.

Também em declarações à imprensa, o presidente da Associação de pediatria de Angola, César Freitas, admitiu que são "elevadíssimos" os números de crianças doentes e de óbitos em todo o país.

"É uma situação que é difícil de gerir neste momento, temos muitas crianças, muitos óbitos, na realidade estas situações são previsíveis. Todos os anos, no princípio do ano, já sabemos que isso vai acontecer, porque é cíclico, é preciso que as autoridades possam ver, que os profissionais possam sentar, para ver e analisar o que se está a passar, porque mesmo nos anos anteriores é um período de muitos óbitos, mas este ano é demais", disse o médico.

O Ministério da Saúde reconheceu que a situação é preocupante e está a tomar medidas para alterar o quadro, tendo já cedido ao hospital pelo menos mais 30 camas, material descartável e medicamentos.

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