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Saúde

Angola precisa de 2,3 milhões de dólares para ultrapassar epidemia de febre-amarela, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a liderar um plano de emergência para mobilizar um apoio financeiro de 2,3 milhões de dólares para Angola ultrapassar as dificuldades no combate à epidemia de febre-amarela.

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Em comunicado de imprensa, a que agência Lusa teve hoje acesso, a OMS refere que as autoridades angolanas debatem-se actualmente com obstáculos e constrangimentos para assegurar o sucesso desta operação, nomeadamente escassez de material de educação e sensibilização comunitária, recursos humanos, insuficiência de fundos para custos operacionais, incluindo para o transporte de vacinas e das equipas de vacinação.

A Organização das Nações Unidas enviou para Angola uma equipa de 20 peritos de diversas áreas para apoiar o Ministério da Saúde e reforçar as actividades no terreno.

Angola enfrenta uma epidemia de febre-amarela desde Dezembro de 2015, com o registo de mais de 634 casos suspeitos, 110 óbitos e 25 casos confirmados, até à presente data e a OMS está a intensificar a sua assistência técnica que permita uma resposta multissectorial mais integrada contra o surto.

De acordo com o documento, a OMS está a trabalhar em estreita colaboração com outros parceiros e organizações nacionais e internacionais envolvidos na resposta à epidemia.

A assistência técnica da OMS cobre áreas como a coordenação da luta contra a epidemia, vigilância epidemiológica, assistência laboratorial, apoio logístico, luta anti-vectorial, gestão de dados, mobilização social e participação comunitária.

O apoio inclui ainda o treino de voluntários para a mobilização comunitária, capacitação dos técnicos de saúde para a melhoria do diagnóstico e o reforço da advocacia para a melhoria do saneamento do meio ambiente nas áreas de maior risco, nomeadamente onde as equipas entomológicas descobrem elevados índices de mosquitos Aedes Aegypty infectados, que transmitem a febre-amarela.

Desde 02 de Fevereiro último que as autoridades sanitárias angolanas levam a cabo uma mega campanha de vacinação, para a qual a OMS apoiou com um tal de seis milhões de doses de vacinas.

A OMS prestou igualmente apoio financeiro ao Governo angolano no montante de 289,3 mil dólares, provenientes do Fundo Africano para as Emergências de Saúde Pública e brevemente vai disponibilizar mais 499,4 mil dólares, do Fundo de Contingência para a Emergência, para financiar custos operacionais relacionados com a campanha.

A província de Luanda tem uma população estimada em 6,7 milhões de habitantes e, até à presente data, foram vacinadas 2,72 milhões de pessoas nos municípios de Viana e Belas, onde foram reportados casos confirmados, tendo a campanha chegado já, esta semana, aos municípios de Cazenga e Cacuaco.

Segundo a OMS, a procura pela vacinação é grande e diariamente há enormes filas de centenas de pessoas, pretendendo ser imunizadas.

A OMS sublinha que, apesar das dificuldades na execução da resposta ao surto, após 20 dias de campanha de vacinação, já se observou uma diminuição no número de casos suspeitos notificados, os quais passaram de 220 na semana precedente para 110 durante a semana de 22 de Fevereiro. O número de óbitos registou igualmente uma diminuição de 20 para 10 no mesmo período.

A epidemia está limitada a Luanda, assegurou a OMS, já que até à data não há evidências de uma transmissão local noutras províncias, nomeadamente Huambo, Huíla e Cuanza Sul.

UNITA insta Governo angolano a corrigir problemas

Preocupada com a situação a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) instou o Governo a trabalhar intensamente com parceiros nacionais e internacionais para corrigir o que diz serem as graves distorções no combate à epidemia de febre-amarela.

Para a UNITA, o surto de febre-amarela é o "corolário da falência do sistema sanitário do país em relação ao qual o executivo tem respondido com tibieza, com medidas pouco articuladas e com falhas gritantes no que diz respeito à comunicação, aspecto fundamental para assegurar a adesão das populações e o êxito das acções a empreender". Por isso, pede que sejam alocados atempadamente os recursos financeiros e outros, necessários para a prossecução dos diversos programas em curso, nomeadamente no que diz respeito ao sistema sanitário.

De acordo com a análise daquela força política, a campanha de vacinação, particularmente, tem sido pautada por uma estrondosa desorganização, que leva a que nos postos de vacinação ocorram filas enormes onde as pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, passam horas a fio, muitas vezes sob sol intenso ou mesmo chuva.

"As falhas de comunicação já aludidas têm impedido que sejam suficientemente divulgados os locais de vacinação e os alvos a vacinar", refere a UNITA em comunicado, acrescentando que consequentemente muitas pessoas têm percorrido distâncias enormes em busca de postos de vacinação.

A UNITA considera que as medidas de controlo do surto de febre-amarela não se devem circunscrever à campanha de vacinação, mas também a outras medidas como a melhoria do sistema de informação, que permita uma notificação célere dos casos e, mais importante, um conjunto de acções individuais e colectivas, tendentes a combater o vector da doença.

"Quaisquer destas acções precisam estar acopladas a uma campanha dirigida, intensificada de informação, comunicação e educação para a saúde, a fim de promover a participação consciente das populações e das comunidades", exemplificou a UNITA.

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