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Mais de sete milhões de angolanos falam línguas nacionais

Mais de sete milhões de angolanos falam pelo menos uma língua nacional em casa, sobretudo nas zonas rurais, apesar de o português ser a língua habitualmente mais falada em Angola, por cerca de 18 milhões de pessoas.

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Os números resultam da análise da Lusa aos dados definitivos do censo da população realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola em 2014, tornados públicos a 23 de Março e que colocam a língua nacional umbundu (centro e sul) como a segunda mais falada, por 22,96 por cento da população, o equivalente a cerca de 5,9 milhões de pessoas.

Tendo em conta os dados do censo, que concluiu que Angola tem mais de 25,7 milhões de habitantes, cada angolano pode falar mais do que uma língua nacional em casa, sendo o português falado por 71,15 por cento de angolanos. Neste caso "com maior predominância nas áreas urbanas", onde 85 por cento da população fala a língua portuguesa, contra os 49 por cento na área rural.

Os restantes 28,85 por cento da população falam mais de 10 línguas nacionais, como o kikongo (norte) e o kimbundo (norte e centro litoral), cada uma destas faladas, respetivamente por 8,24 por cento e 7,82 por cento da população, de acordo com os dados do censo angolano.

No interior centro e norte é falada a língua chokwe (6,54 por cento), enquanto no sul, entre as províncias do Cuando Cubango, Huíla e Cunene, pequenos grupos falam ainda as línguas nganguela (3,11 por cento), kwanhama (2,26 por cento) e muhumbi (2,12 por cento). No enclave de Cabinda, além do português, mais de 600.000 pessoas (2,39 por cento da população angolana) falam a língua local fiote.

Algumas das línguas nacionais já são leccionadas nas escolas angolanas, inclusive com a disponibilização de material pedagógico, mas o processo depara-se com a falta de professores, como já admitiu o ministro da Educação, Pinda Simão.

Apesar disto, durante o Congresso Internacional de Língua Portuguesa, promovido pela Universidade Jean Piaget, de Angola, em 2014, um investigador angolano de linguística afirmou que a "carga negativa" do tempo colonial associada à utilização das línguas nacionais ainda persiste em muitas famílias de Angola, que preferem que os filhos aprendam apenas português.

Bonifácio Tchimboto assumiu que a aprendizagem das línguas nacionais, possível a par da língua oficial, o português, pode estar comprometida.

É que muitas famílias receiam que o tempo necessário para aprender a segunda língua, nacional, influencie as restantes actividades dos mais novos, optando apenas pelo idioma oficial.

Além disso, recordou na altura o especialista, para muitos angolanos permanece a lembrança da placa de madeira com a inscrição "burro", colocada aos estudantes mais novos "apanhados" na escola, no tempo colonial português, a falar umbundu, uma das línguas nacionais angolanas.

"Essa carga pesada sobrevive ainda hoje na cabeça de muitos. Temos entre os nossos concidadãos aqueles que olham para o bilinguismo como um defeito, que a competência em duas línguas é um defeito", defendeu Bonifácio Tchimboto.

Sublinhou, por isso, que se na altura do tempo colonial português "a luta era tentar evitar falar umbundu a todo o custo", hoje, "em público, muitos dizem que não se deve usar a língua africana".

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