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RDCongo: Ruanda não receia isolamento diplomático e diz combater ameaça existencial

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda disse esta Quarta-feira que o país enfrenta "uma ameaça existencial" e que não receia ficar isolado por apoiar os rebeldes do M23 na guerra que decorre no leste da República Democrática do Congo.

: ACN
ACN  

"Qualquer conversa sobre medidas punitivas e sanções contra o Ruanda não nos pode dissuadir de proteger as nossas fronteiras e o nosso povo", disse o chefe da diplomacia ruandesa, Olivier Nduhungirehe, à Associação dos Correspondentes da ONU (ACANU), acrescentando: "O Ruanda não tem medo de ficar isolado; estamos a enfrentar uma ameaça existencial de uma força genocida".

O M23, que combate as forças armadas da República Democrática do Congo (RDCongo), país que faz fronteira com Angola, capturou recentemente duas grandes cidades no leste desse país africano, Goma e Bukavu, no que foi considerada uma grande vitória por parte deste grupo que ressurgiu em 2021.

Na Terça-feira, a Grã-Bretanha decidiu "suspender" a maior parte da sua ajuda financeira ao Ruanda, depois de, na semana passada, os Estados Unidos terem anunciado sanções financeiras contra o ex-ministro da Defesa James Kabarebe, acusado de "orquestrar o apoio" das tropas ruandesas ao M23.

"O isolamento diplomático não é realmente uma preocupação", salientou Olivier Nduhungirehe nas declarações citadas pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

Os líderes dos países da África Austral e Oriental designaram três antigos dirigentes do Quénia, da Etiópia e da Nigéria como facilitadores de um processo de paz no leste da RDCongo.

Uhuru Kenyatta, antigo Presidente do Quénia, Olusegun Obasanjo, antigo chefe de Estado da Nigéria, e Hailemariam Desalegn, antigo primeiro-ministro da Etiópia, foram nomeados "facilitadores do processo de paz (...) no leste da RDCongo", escreveram os dois blocos num comunicado de imprensa conjunto, divulgado na Segunda-feira à noite.

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) e a Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) realizaram uma cimeira no início de Fevereiro, apelando a um "cessar-fogo imediato" no leste da RDCongo, onde o conflito se intensificou nas últimas semanas.

Numa ofensiva, o grupo armado M23, constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994, e os seus aliados ruandeses tomaram o controlo de Goma e de Bukavu, as capitais das províncias do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, e os combates têm-se intensificado.

Os dois blocos acordaram na sua cimeira do início de Fevereiro em fundir os processos de paz de Luanda e de Nairobi, que têm tentado encontrar uma solução pacífica para o conflito nos últimos anos.

Desde 1998 que o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).

O Governo congolês acusa Kigali de apoiar o M23, enquanto o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo fundado em 2000 por líderes do genocídio e outros ruandeses exilados para recuperar o poder político no seu país.

Cerca de 4000 soldados ruandeses estão presentes no leste da RDCongo e os últimos combates já causaram quase 3000 mortos, segundo a ONU.

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