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RDCongo: líderes africanos apelam para solução diplomática em vez de armada

Os líderes da Comunidade da África Oriental (CAO) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) apelaram, no Sábado, para uma “solução diplomática” para o conflito no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo).

: Facebook Ministério das Relações Exteriores / MIREX
Facebook Ministério das Relações Exteriores / MIREX  

"Temos de resistir à tentação de pensar que, numa situação tão complexa, podemos encontrar uma solução através de tiros ou bombardeamentos", disse o Presidente queniano, William Ruto, citado pela agência espanhola EFE.

Ruto falava na abertura da cimeira dos dois blocos regionais de oito e 16 países, respectivamente, em Dar es Salaam, a capital económica da Tanzânia.

"Em vez disso, temos de concordar que só uma abordagem diplomática abrangente (...) estabelecerá uma paz duradoura", afirmou.

Ruto defendeu que tal abordagem deve abordar "as causas profundas da crise" e garantir a integridade territorial da RDCongo, bem como afirmar "a soberania do seu povo e as aspirações de liberdade, justiça e desenvolvimento".

O líder queniano dirigiu a cimeira – precedida de uma reunião ministerial na Sexta-feira – ao lado do homólogo zimbabueano, Emmerson Mnangagwa, uma vez que os dois líderes detêm as presidências rotativas da EAC e da SADC, respectivamente.

"Hoje, juntamo-nos para reiterar os nossos apelos às partes deste trágico conflito para que cessem imediatamente as hostilidades", disse Ruto.

O líder queniano insistiu que "um cessar-fogo imediato é a única forma de criar as condições necessárias para um diálogo construtivo e a implementação de um acordo de paz abrangente".

Ruto recordou ainda que "o custo humanitário do conflito na RDCongo é enorme".

"Milhões de civis foram deslocados e muitas pessoas vivem sob a ameaça persistente da violência, incluindo a violência sexual e baseada no género contra mulheres e crianças e o seu recrutamento para os combates", denunciou.

O Presidente do Zimbabué disse que a crescente instabilidade e o número cada vez maior de pessoas deslocadas internamente têm consequências de grande alcance, não só para o povo da RDCongo, mas também para as regiões vizinhas e o continente em geral.

Além de Ruto e Mnangagwa, participam na cimeira a Presidente do país anfitrião, Samia Suluhu Hassan, e os do Uganda, Yoweri Museveni, da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, da Zâmbia, Hakainde Hichilema, e do Ruanda, Paul Kagame.

O Presidente congolês, Felix Tshisekedi, participou virtualmente na reunião e enviou a primeira-ministra, Judit Suminwa, em seu lugar.

Também participam na reunião os chefes da diplomacia e outros ministros de Angola, Sudão do Sul, Malawi, Madagáscar e África do Sul.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou que partiu no Sábado de manhã para Dar es Salaam.

Os chefes de Estado e de Governo dos países da África Oriental e Austral procuraram encontrar no Sábado, na Tanzânia, um compromisso que ponha termo ao reacender do conflito no leste da República Democrática do Congo (RDCongo).

O conflito, que no espaço de pouco mais de uma semana provocou quase 3000 mortos, segundo as Nações Unidas, ameaça estender-se a toda a região e é para tentar evitar essa perigosa escalada que a Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), apostaram numa cimeira conjunta.

O encontro ao mais alto nível decorreu num contexto de fortes tensões entre Kinshasa e Kigali, depois de o grupo armado M23 e os seus aliados das forças ruandesas terem, no final de Janeiro, tomado Goma, a principal cidade do leste da RDCongo, e continuado a avançar na região.

A cimeira de Sábado resultou de um acordo entre William Ruto, e o seu homólogo do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, que lideram a EAC e a SADC, respectivamente.

Os dois blocos regionais exigem um cessar-fogo imediato e apelaram às partes para que se empenhassem nos processos de paz em curso, como o processo de paz de Luanda, sob a mediação do Presidente João Lourenço – mandatado pela União Africana –, no âmbito do qual foi acordado um cessar-fogo a 31 de Julho de 2024, e o processo de paz de Nairobi.

O cessar-fogo mediado por Angola falhou e o processo de paz de Nairobi ficou no papel.

A reunião realizou-se depois de o M23 se ter apoderado de Goma, a capital estratégica da província congolesa de Kivu do Norte, a 27 de Janeiro.

Os rebeldes tomaram Gomba após dias de intensos combates com o exército da RDCongo, que causaram cerca de 3000 mortos e centenas de milhares de deslocados, segundo as Nações Unidas.

Depois disso, o conflito alastrou-se para a província vizinha de Kivu Sul.

Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas.

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