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Pressão sobre dívida angolana exige gestão fiscal prudente, diz economista

O economista chefe do Standard Bank elogiou esta Sexta-feira a “gestão fiscal prudente” do executivo angolano que permitiu reduzir a pressão sobre a dívida e adiantou que o país não deverá ter dificuldades nas emissões de dívida.

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Fausio Mussá considerou que se observa uma melhoria substancial na gestão fiscal do país, falando durante a apresentação do 1.º Briefing Económico do Standard Bank, notando que a redução do défice e o superavit em torno dos 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) ajudaram a reduzir a dívida.

"Angola registou recentemente uma dívida de 123 por cento do PIB e, neste momento, a nossa estimativa é que a dívida total angolana esteja abaixo dos 80 por cento do PIB, é possível alcançar esse nível", considerando a melhoria substancial do PIB em termos nominais de cerca de 60 para 100 mil milhões de dólares e o impacto do alívio de dívida que Angola beneficiou das instituições multilaterais e da China, indicou.

Considerou que Angola tem sido bem-sucedida a introduzir impostos e alargar a base tributária, trazendo mais contribuintes para o sistema e compensando dessa forma a redução das receitas petrolíferas, no entanto, existe ainda "uma grande pressão do serviço de divida que exige gestão fiscal prudente".

"Notamos que o valor total de amortização de empréstimos está muito próximo do valor total da nova dívida que Angola pretende contratar, o que significa que em termos líquidos não vai haver um aumento da dívida", comentou, a propósito do plano anual de endividamento do governo.

"No plano de endividamento, o governo comunica uma emissão [de Eurobonds] em torno dos 2,8 mil milhões de dólares, olhando para o que tem sido o desempenho favorável da economia angolana, não antecipo que haja dificuldades em levantar este nível de dívida neste momento", realçou o responsável do Standard Bank.

Quanto às taxas de juro, considerou que o Banco Nacional de Angola não deverá ter margem para grandes mexidas este ano devido à pressão inflacionista, associada sobretudo à oferta, seja pelos efeitos da seca que tem afectado a produção de alimentos, seja por que se observa uma grande pressão a nível global na inflação importada.

"Ao longo de 2022, espera-se que as taxas de juro em termos reais se mantenham negativas, o que significa que taxa de juro nominal é inferior à taxa de inflação. Angola encontra-se numa situação difícil para efectuar essa correcção, o que deverá acontecer por redução da inflação", salientou Fausio Mussá.

O economista admitiu que o nível das taxas de juro "pode retrair o investimento", mas sublinhou que a sustentabilidade é extremamente importante, tal como a confiança.

"Acredito que o BNA será prudente e enquanto a inflação não baixar para níveis inferiores, provavelmente não irá efectuar nenhum corte de taxa de juro", prosseguiu.

O Standard Bank mantém a expectativa de inflação em torno de 18,1 por cento para o final deste ano, "bastante alinhado com o que o governo espera que aconteça".

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