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VIH: dificuldades de comunicação atrapalham gestão do tratamento antirretroviral no país

O sistema de saúde nacional introduziu um novo tratamento antirretroviral para o VIH/Sida para cerca de 93 mil beneficiários, com menos efeitos colaterais, mas dificuldades de comunicação estão a afectar a gestão e distribuição da terapia, segundo fonte oficial.

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A informação foi divulgada esta Quinta-feira pelo presidente da Rede Angola de Organizações de Serviços de Sida (ANASO), António Coelho, que nega, no entanto, a existência de ruptura de 'stock' dos medicamentos antirretrovirais no país.

Segundo o responsável, das cerca de 93 mil pessoas que fazem terapia antirretroviral no país, cerca de 60 por cento vivem em Luanda, frisando ainda que, no que se refere à disponibilidade dos medicamentos, o país tem capacidade para cobrir as necessidades dos pacientes por um período de seis meses.

"O país tem, neste momento, oferta e disponibilidade, mas está com sérios problemas do ponto de vista da cadeia de distribuição, por um lado, e, por outro lado, do ponto de vista da partilha de informação e do conhecimento, em relação à gestão e distribuição", salientou.

António Coelho sublinhou que, a partir da última quinzena de Janeiro, o país introduziu um novo esquema no tratamento antirretroviral para os pacientes de primeira linha, que implica o uso do Dolutegravir, "que é uma droga mais leve, mais suave, sem muitos efeitos colaterais e sobretudo com maior eficácia".

O presidente da ANASO salientou que esse processo começou numa primeira fase em 30 das 90 unidades sanitárias de Luanda e deverá evoluir, nos próximos dias, para as províncias de Benguela e do Huambo.

Nesse sentido, as autoridades sanitárias estão a orientar essas unidades para usarem o novo esquema.

"Infelizmente, a comunicação não está a passar de forma correcta e por essa razão há unidades que pararam de dar o antigo esquema, mas, em contrapartida, não estão a dar o novo, porque ainda não receberam e aquelas que receberam, ainda não perceberam bem o processo e estão com alguma dificuldade", indicou.

António Coelho reiterou que se trata de uma fase de transição, pelo que é preciso que as pessoas sejam "correctamente informadas e esclarecidas sobre esse novo processo, sobre essa nova mudança e, sobretudo, que tenham calma".

"Estamos a falar de pessoas que estão nesse processo há mais de 10 anos e a substituição nem sempre é fácil e nem sempre se processa de forma pacífica, por essa razão apelamos às autoridades competentes no sentido de prestarem um maior esclarecimento da população que beneficia desse tratamento em relação a essa fase de transição", exortou.

Por outro lado, considerou também importante que, numa primeira fase, os beneficiários levem os medicamentos para um período não superior a 15 ou 20 dias, para depois as autoridades conseguirem perceber se as pessoas estão a adaptar-se de forma positiva em relação ao novo tratamento ou se há efeitos colaterais que devem ser rapidamente corrigidos.

O activista sanitário reiterou que não há ruptura de antirretrovirais no país, mas apenas essa transição, na qual se está a proceder à troca de um esquema para outro.

"E nesse momento, as unidades sanitárias foram recomendadas a prestarem os esclarecimentos devidos aos beneficiários e a estes pedimos que voltem rapidamente às unidades sanitárias, para beneficiarem desse processo, porque não estamos em situação de ruptura, mas de falta de informação em relação ao processo que estamos a viver", frisou.

Os antirretrovirais de que o país dispõe nesta altura foram adquiridos em 60 por cento pelo Estado e os restantes 40 por cento pelo Fundo Global.

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