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Activista questiona luta contra a corrupção e probidade de PGR

O activista e investigador Nuno Álvaro Dala questionou esta Quarta-feira a luta contra a corrupção em Angola e a probidade da Procuradoria-Geral da República (PGR), denunciando o envolvimento de magistrados em “esquemas mafiosos” e extorsão.

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Durante uma apresentação do seu "Projecto de Investigação Contra a Corrupção de Titulares de Cargos Públicos (PICC-TCP)", em Luanda, o activista disse que está actualmente a investigar 51 casos que envolvem titulares de cargos públicos.

"Estes 50 casos que estamos a investigar ilustram que não temos a luta ideal", sublinhando que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tem estado a realizar uma "regeneração útil", sacrificando algumas pessoas para manter a liderança dos destinos do país que governa há quase 40 anos.

"Infelizmente [o combate] é selectivo e à medida de interesses hegemónicos, há figuras que não estão a ser tocadas", disse, numa conferência de imprensa, citando entre estas Manuel Vicente, ex-vice-Presidente e ex-presidente da Sonangol.

O activista destacou que não existe uma luta contra a corrupção que "dê confiança de que os principais responsáveis da tragédia do país sejam responsabilizados" e está centrada numa "agenda própria para que o MPLA ganhe legitimidade" para continuar no poder.

"Não temos uma luta que corresponda aos direitos dos cidadãos e sim a um grupo hegemónico que está preocupado com a sua auto-preservação" criticou, reforçando: "quais são as figuras do MPLA que não estão envolvidas directa ou indirectamente, quais são aqueles que conseguiram esses bens com trabalhos honestos?"

Dala acusou também o Procurador-Geral da República, Helder Pitta Grós, de ser "uma pessoa sem probidade" por ser accionista de empresas – que não especificou – e acusou "um grupo considerável de magistrados" da PGR de estar envolvido em esquemas mafiosos e de extorsão.

"Temos uma PGR extremamente comprometida, o que implica que o combate à corrupção está comprometido porque a própria PGR é uma estrutura apodrecida que tem procuradores corruptos", denunciou Nuno Dala, reclamando a exoneração de Pitta Grós.

Um dos casos apresentados foi o do empresário Francisco Yoba Capita, que esta Quarta-feira testemunhou estar a ser vítima de perseguições, tendo garantido que já formalizou queixas contra o ex-vice-procurador Beato Manuel Paulo, por causa de alegado assédio à sua mulher, também ela magistrada, entre outras.

O empresário afirma que o envolvimento do ex-vice-procurador se deveu ao facto de ter tentado cobrar uma dívida a um coronel da Unidade da Guarda Presidencial (UGP), José Ricardo Tchiwana, por um serviço de transporte.

No entanto, diz que estas queixas ficaram "na gaveta" porque "são essas mesmas pessoas que manuseiam os casos".

Francisco Yoba Capita tem também processos a correr contra si, sob acusação de burla por defraudação e difamação.

O empresário queixa-se de se ter tornado num alvo a abater, juntamente com a família, e garante estar a sofrer ameaças de morte e intimidação por parte Pitta Grós e Beato Manuel Paulo e outros procuradores.

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