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Pequenos accionistas da banca em Angola podem ter de sair, diz economista

O economista-chefe da consultora Eaglestone Securities considerou no Sábado que a divulgação do escândalo ‘Luanda Leaks’, o contexto económico desafiante e a vigilância regulamentar em Angola podem forçar a saída da banca de accionistas ligados ao anterior Governo.

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"É um cenário possível que vendam as suas participações, há vários accionistas com pequenas participações e no actual contexto, bastante desafiante em termos económicos, e com tendência de maior concorrência no sector e de maior exigência regulatória do banco central, pode haver accionistas que tenham necessidade de vender a sua participação", disse Tiago Dionísio, quanto questionado sobre as implicações para a banca da divulgação de documentos conhecidos como 'Luanda Leaks'.

Em entrevista à Lusa, o analista vincou que "o cenário no sector bancário angolano pode mudar bastante", mas acrescentou que "ainda vai demorar algum tempo" até que a consolidação deste sector, marcado por uma pulverização de pequenos bancos, seja uma realidade.

O país "tem uma estrutura accionista bastante particular no contexto internacional", sublinhou, lembrando que há bancos com dezenas de pequenos accionistas e que há quase 30 entidades bancárias a operar no país.

"2020 poderá finalmente ser o ano em que assistimos a alguma consolidação no sector bancário", defendeu o analista, argumentando que "a exigência regulatória e o ambiente económico e bancário, cada vez mais concorrencial, significa que alguns dos bancos mais pequenos terão maiores dificuldades em operar na actual conjuntura", e por isso poderá assistir-se "a um cenário de concentração ou de fusões" na banca em Angola.

Questionado sobre quais os bancos que melhor se adequam a uma concentração ou fusão, o economista-chefe da consultora Eaglestone Securities respondeu: "Se tivermos em conta a situação accionista do Banco Económico (BE) e do Banco de Fomento Angola (BFA), onde no primeiro a Sonangol tem 70 por cento, e no segundo 50 por cento por ter comprado a participação da Oi na Unitel, a petrolífera nacional tem cada vez mais poder neste banco, e poderia ser um cenário interessante no sector bancário ter um grande banco, e uma fusão do BFA com o BE é um cenário a que estaremos atentos nos próximos meses".

Sobre se este é apenas um cenário ou se já há movimentações em concreto, Tiago Dionísio respondeu: "Pode acontecer, Angola tem 4 ou 5 grandes bancos e faz sentido ter um ou dois grandes bancos no contexto africano e da África subsaariana".

Tiago Dionísio lembrou que o país, apesar de ser o segundo maior produtor de petróleo da região e a terceira maior economia, "não tem um banco que se destaque e pode haver uma fusão entre os maiores 'players', por exemplo nestes dois que têm a Sonangol como accionista de referência", ou então entre o BPC, que enfrenta dificuldades, e o Banco Angolano de Investimentos, "que poderia absorver um ou outro mais pequeno para ganhar dimensão".

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