Paulo Macedo foi na Sexta-feira questionado, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2019, em Lisboa, sobre o caso 'Luanda Leaks', tendo afirmado que a CGD o que tem é "esmagadoramente" relacionamento pela concessão de crédito a empresas portuguesas e que o que está a analisar é a capacidade de operarem e gerarem receitas que lhes permitam pagar os créditos.
A empresária Isabel dos Santos é, em Portugal, accionista das empresas não financeiras Galp, Nos e Efacec.
Especificamente sobre a Efacec, Paulo Macedo disse que também a Caixa Geral de Depósitos está a acompanhar a situação, uma vez que é credora.
"Sobre clientes não falamos. O que posso dizer é que estamos muito atentos, como sempre, a perturbações que haja nas empresas portuguesas, designadamente nas que têm maior dimensão. A Caixa está a acompanhar de muito perto, há riscos desta situação, mas como todos sabem estamos a falar de uma empresa muito competente em termos tecnológicos e temos que ver que o nosso objectivo é que possa cumprir o seu plano de reestruturação, continuar no mercado e liquidar os seus financiamentos", disse.
O presidente da CGD afirmou que, perante um caso como o 'Luanda Leaks', o banco, por um lado, avalia o que pode afectar as empresas que financiou, para avaliar da recuperabilidade dos seus financiamentos (avaliar as garantias dos créditos, ver as receitas das empresas e a capacidade de pagar dívida).
Além disso, afirmou, volta a avaliar operações financeiras para confirmar se não houve nada suspeito. Segundo Macedo, esse trabalho foi feito e "não há casos especiais a assinalar até agora".
O presidente do banco público português disse ainda que, nos últimos anos, a CGD tem reforçado os seus mecanismos de controlo, desde logo com mais trabalhadores para as áreas de controlo interno (risco, auditoria, 'compliance'), e que criou mesmo uma unidade interna para o crime financeiro.
"A CGD é uma das entidades, para não dizer que é a entidade, que sistematicamente mais reporta casos à UIF [Unidade de Informação Financeira]", a unidade da Polícia Judiciária dedicada aos crimes de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, afirmou.
Macedo destacou ainda que a CGD foi o primeiro dos grandes bancos a "fechar os seus 'offshores' [paraísos fiscais]".