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Ambiente

Província do Cunene em “estado de calamidade” devido à seca

A província do Cunene está em "estado de calamidade" devido à seca, que afecta mais de 285.000 famílias, anunciou Terça-feira o governo provincial, defendendo "estratégias absolutas" para mitigar o fenómeno e "mais apoios" do Governo central.

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"Estamos a falar de um total de 285.000 famílias afectadas em toda a província. Continuamos a somar porque, enquanto não chove, os números têm tendência para aumentar. A província atravessa um dos piores momentos de seca", disse o vice-governador daquela província, Édio Gentil José.

Segundo o governante, há pessoas que, no Cunene, sul do país, "têm os seus principais activos económicos prejudicados como água para o consumo das famílias, para o gado e para a prática da agricultura".

O vice-governador para os Serviços Técnicos e Infraestruturas da província deu conta igualmente que as acções em curso para amenizar a situação das famílias, que desde finais de 2017 enfrentam a seca, "não são de carácter definitivo".

"A província do Cunene fala, reiteradamente, da situação da seca. Precisamos de estratégias que sejam absolutas que, pelo menos, mitiguem esse fenómeno que se reitera várias vezes", apontou.

Falando Terça-feira, em Luanda, no âmbito do "workshop" consultivo sobre a Implementação da Estratégia Nacional do Fundo Verde para o Clima, promovido pelo Ministério do Ambiente, Édio Gentil José observou que a província precisa de "mais apoios do Governo central".

De acordo o governante provincial, a estratégia de distribuição de água em camiões ou tractores atrelados com cisternas, a partir dos rios Cunene e Cubango ou da bacia hidrográfica do Cuvelei, "não responde à carência das famílias".

"Além disso, ainda temos a conduta do Xangongo, na sede do município de Ombandja, para o Cuanhama, que, no seu corredor serve mais ou menos 150.000 famílias, e que não tem água. É preciso que contemos com o apoio do Governo central", sublinhou.

"Mas há famílias muitos distantes desse ponto que não beneficiam", lamentou.

Para o responsável provincial, a situação "inspira cuidados" e uma "atenção especial" por parte das autoridades.

"É preciso uma atenção especial à província do Cunene e às famílias afectadas pela seca", insistiu.

Em Janeiro, o padre Félix Gaudêncio lamentou a "preocupante situação" da seca e fome no Cunene, defendendo "soluções urgentes", como a construção de reservatórios de água.

Em declarações à Lusa, o padre católico deu conta de que "a maior parte" da província já estava afectada pela seca e "sem qualquer perspectiva" para o início do ano agrícola, "agudizando a carência de comida e água" para o consumo humano e dos animais.

Terça-feira, Édio Gentil José disse que a criação de reservatórios de água e de represas são algumas das acções que estão a ser desenvolvidas pelo governo local, afirmando, contudo, que, dos 742 pontos de captação de água da província, 320 estão "inoperacionais".

"Temos um número considerável de represas, mas não estamos a falar de projectos que são absolutos para resolução desses problemas. Há outros aspectos que merecem ser observados do ponto de vista técnico e de um investimento mais pesado", asseverou.

Em Janeiro, uma delegação multi-sectorial, chefiada pelo ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, visitou a capital do Cunene, Ondjiva, para avaliar a situação da seca na região.

Adão de Almeida assumiu que a situação da província "é crítica, desafiante e que exige mais pragmatismo", apontando entre as medidas a "reparação e abertura de furos de água" para atender as populações das zonas "mais críticas".

Questionado pela Lusa sobre o que mudou na sequência da visita da delegação multi-sectorial, o vice-governador do Cunene adiantou que a província tem uma autorização do Presidente João Lourenço "para despesas que se encontram em marcha".

"Temos também a declaração de estado de calamidade para toda a província e pensamos que poderá haver já uma forte mobilização de recursos, financeiros e meios, que poderão chegar em breve, talvez três a quatro semanas. Mas, enquanto isso, a carência persiste", concluiu.

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