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Saúde

Combate ao surto de febre-amarela em Luanda entre vacinas e a crença

Quase 14.000 pessoas são vacinadas diariamente no mercado do "Quilómetro 30", em Viana, arredores de Luanda, mas nem por isso as vendedoras estão tranquilas quanto à doença e preferem entregar "tudo a Deus", contaram à Lusa.

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Várias brigadas de saúde estão local a vacinar todos os dias das 09h00 às 13h00 adultos e crianças do município de Viana, localidade onde foram detectados os primeiros casos de febre-amarela e também ocorreram grande parte das mais de meia centena de mortes oficialmente contabilizados.

Teresa Paulo é vendedora naquele mercado, foco do surto, há oito anos e já foi vacinada contra a febre-amarela, bem como os seus seis filhos. A comerciante de produtos alimentares é residente em Viana, no bairro da Caop II, e até ao momento não conhece ninguém que tenha tido febre-amarela.

Questionada sobre a doença, os cuidados a observar para não ser afectada, conta saber apenas que a vacina é "a única salvação" contra a febre-amarela. "Só sei que se tem que apanhar a vacina para não apanharmos a doença, o resto é só entregarmos tudo nas mãos do Senhor, porque a filha de Deus não pode ter medo de nada", disse Teresa Paulo.

Mais informada, Emília Secretário Jorge, igualmente vendedora naquele mercado há cinco anos, sabe que é preciso lutar-se contra o mosquito, o causador da doença. "Apesar que é difícil, com estas águas todas que temos aqui - olha só à nossa volta - a chover como está esses dias, mas é preciso acabarmos com os mosquitos, usarmos mosquiteiros, dragão e sheltox", explicou.

Segundo Emília Secretário Jorge, os seus seis filhos estão já imunizados e vacinar todas as pessoas é muito importante para se acabar com a febre-amarela. "Graças a Deus não conheço ninguém ainda que apanhou essa doença, assim que começaram a vacinar trouxe as minhas crianças e foi mesmo rápido (a serem atendidas)", frisou.

Já Augusta Joaquim, natural da Lunda Norte e há 11 anos a viver em Luanda, teve um óbito no Sábado na zona em que vive, de uma criança de sete anos, filha da sua vizinha que morreu de febre-amarela.

A vendedora tem quatro filhos, entre os 12 e cinco anos, e todos já estão vacinados, disse a comerciante de "água fresca", explicando que mesmo a "zungar" [venda ambulante] conseguiu vacinar as suas crianças. "Trazia-lhes um a um, depois parava um pouco de 'zungar' para vacinar e depois continuava", detalhou Augusta Joaquim.

As autoridades sanitárias prevêem vacinar em Viana até 1,5 milhões de crianças contra o surto de febre-amarela, que já matou em todo o país desde 30 de Dezembro de 2015 pelo menos 51 pessoas.

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