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Lactiangol: maior empresa angolana de lacticínios corta produção por falta de divisas

A maior empresa angolana de lacticínios reduziu a produção entre 30 a 50 por cento, alegando dificuldades no acesso a divisas para a aquisição de matéria-prima, problema que está a afectar várias indústrias no país.

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Criada em 1994, a Lactiangol, segundo a administração, já apenas responde a 10 por cento dos pedidos dos clientes, desde cadeias de distribuição ao pequeno comércio, e só a produção de iogurtes foi reduzida para metade.

A produção de leite, outro dos sectores fortes da empresa, com sede em Luanda, foi reduzida de cinco milhões para 3,5 milhões de litros até ao final de 2015, tendo em conta a conjuntura nacional provocada pela quebra das receitas com a exportação de petróleo, que fez diminuir a entrada de divisas no país.

De acordo com o Banco Nacional de Angola (BNA), as reservas internacionais líquidas do país cifravam-se em Dezembro nos 24,1 mil milhões de dólares, uma quebra de 11,53 por cento face a 2014, mas ainda suficientes para garantir necessidades de seis meses de importações.

"A Lactiangol enfrenta, neste momento, muitas dificuldades que obrigam os seus funcionários a ter criatividade e capacidade de gestão para mantê-la em funcionamento neste momento de crise, resultante da queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional", explicou o presidente do Conselho de Administração, José César Bastos Macedo, citado pela Angop.

O administrador garantiu que a produção dos criadores de gado nacional é também "insuficiente" para cobrir as necessidades da Lactiangol, tendo em conta que enfrentam os mesmos problemas para garantirem a importação, por exemplo, de ração animal.

Ainda assim, a empresa, com cerca de 250 trabalhadores, tem em curso um investimento de 19 milhões de dólares na modernização da unidade, que nomeadamente permitirá duplicar a capacidade de produção de leite, para cerca de 13 mil litros por hora, a partir de 2017.

Devido à quebra das receitas com a exportação de petróleo, que levou à diminuição da entrada de divisas no país, Angola, o segundo maior produtor da África subsaariana, está mergulhada há mais de um ano numa crescente crise financeira, económica e cambial.

A falta de divisas tem levado os bancos comerciais a aplicarem restrições - ou simplesmente suspender - aos levantamentos de dólares aos balcões, divisas necessárias para assegurar viagens ao estrangeiro, para assegurar despesas de educação ou de saúde no exterior.

Também se registam atrasos de alguns meses nas transferências para o estrangeiro, por exemplo para pagar a importação de matérias-primas, como o próprio governador do BNA admitiu há dias, referindo-se às "filas de espera nas operações cambiais no sistema bancário".

"A razão é simples: é que nos precisamos de ter uma visão completa da exigência de recursos em divisas por parte dos programas prioritários para podermos ter uma execução mais normal. Ou seja, nós temos a obrigação de prover recursos em divisas não só no curto prazo mas também para assegurar as necessidades da economia e da nossa sociedade no médio e longo prazo", disse José Pedro de Morais Júnior.

Reconhecendo a "racionalização" da entrega de divisas aos bancos comerciais, assegurou que os recursos disponíveis para 2016 "são suficientes".

Uma racionalização que visa "garantir os objectivos traçados, que, basicamente, são de assegurar, através da produção interna, os consumos básicos da população e promover as exportações [de outros produtos] como substituição do petróleo", disse ainda.

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