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Jorge Vasconcelos: Brasil e Angola não se prepararam para a crise petrolífera quando podiam

O antigo presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), de Portugal, considera que o Brasil e Angola esbanjaram a oportunidade de se preparar para a crise petrolífera e agora estão a sofrer duplamente.

Visão:

"Quando o petróleo estava nos 130 dólares por barril, não havia incentivos para melhorar a eficiência técnica, e não implementaram as medidas necessárias para melhorar, e estão hoje numa situação difícil porque os preços e a procura baixaram e a concorrência aumentou nos mercados mundiais", disse Jorge Vasconcelos, em entrevista à Lusa.

Em entrevista à Lusa, o antigo regulador do mercado energético português acrescentou que "como essas empresas não são competitivas em termos de custos de produção, sofrem duplamente" com a queda dos preços nos mercados internacionais, que passou de 110 dólares no Verão de 2014 para cerca de 30 actualmente, uma quebra que ronda os 75 por cento.

"No Brasil e em Angola, que são os grandes produtores lusófonos de petróleo, é bom que haja uma preocupação permanente com as questões de eficiência, não só no consumo, mas também na extracção e transformação, ao nível das empresas, na produção de energia", diz Jorge Vasconcelos, recomendando que "seria bom que as empresas e os Estados donos dessas empresas pensassem bem no que deviam fazer para garantir que essas empresas são competitivas sempre, não apenas nos períodos de facilidades". É nesses períodos, concluiu, "que é preciso prepararmo-nos para os períodos de crise".

Para Vasconcelos, assiste-se a um paradoxo no momento actual, em que quer Angola, quer o Brasil estão entre os maiores produtores mundiais de petróleo, mas não conseguem capitalizar essa posição para melhorar a vida das suas populações de forma mais assertiva.

"Esses países ricos em energias fósseis não proporcionam às suas populações uma adequada cobertura com energias modernas, electricidade em particular, há taxas de cobertura de 20 a 30%, e provavelmente podia-se ter aproveitado melhor a receita dessas exportações para financiar projectos de electrificação", disse o antigo regulador, que é agora consultor nesta área.

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