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OPEP alerta para efeitos negativos do preço do petróleo, mas continua a aumentar produção

A OPEP considerou que os baixos preços do petróleo têm um efeito negativo na economia global, depois de contribuir para a descida destes, para mínimos dos últimos 13 anos, com um aumento da produção em Janeiro.

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Segundo o relatório mensal de Janeiro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), os 13 sócios da organização produziram 32,33 milhões de barris por dia, mais 130.000 do que em Dezembro e mais de 2,3 milhões de barris por dia acima do máximo nominal da organização, fixado em 30 milhões de barris por dia.

Os próprios analistas da OPEP reconhecem no documento que o excesso de produção mundial de petróleo foi de dois milhões de barris por dia. Os países responsáveis pelo acréscimo da produção no último mês foram o Iraque, Irão, Nigéria e Arábia Saudita, enquanto no mesmo período a produção de Angola, Argélia e Venezuela caiu.

Estes dados coincidem com os divulgados pela Agência Internacional de Energia (AIE), que apontou esta semana para um aumento da produção dos países da OPEP num mercado já saturado.

O barril de petróleo da OPEP caiu 21 por cento em Janeiro devido a "um excesso de oferta no mercado petrolífero, à desaceleração da economia chinesa e a uma inabitual descida da procura de combustível para aquecimento devido ao clima temperado em regiões chave para o consumo", refere o relatório. A 20 de Janeiro o barril da OPEP cotou-se a 22,48 dólares, o preço mais baixo desde meados de 2002.

"O efeito negativo da forte queda dos preços do petróleo desde meados de 2014 é maior do que os benefícios a curto prazo e parece que há um "efeito contágio" a muitos aspectos da economia mundial, sustenta a OPEP.

Entre os efeitos negativos está a exposição dos bancos ao sector petrolífero, bem como uma inflação muito baixa nas economias desenvolvidas e uma queda das receitas fiscais através dos preços dos combustíveis.

Devido aos efeitos da "grande recessão, a possibilidade de um aumento da capacidade para gastar dos consumidores é limitada", adianta a organização.

A Arábia Saudita, que é responsável por um terço da produção total da OPEP, fomentou uma estratégia de preços baixos para expulsar concorrentes que precisam de uma cotação mais alta para sobreviver e defender assim a sua quota de mercado.

Ainda que todos os 13 sócios concordem que existe um excesso de oferta no mercado, a OPEP, como grupo, não quer cortar a produção sozinha para não perder quota de mercado e pediu aos concorrentes para também fecharem as torneiras.

Esta estratégia de preços baixos gerou divisão no seio da OPEP, que na última reunião ministerial no princípio de Dezembro não conseguiu chegar a um acordo em relação a um 'plafond' (limite) para a oferta conjunta de petróleo.

Contudo, esta estratégia parece funcionar porque pela primeira vez em sete anos a produção dos concorrentes da OPEP vai cair em 700.000 barris por dia, segundo o relatório.

Este decréscimo resulta da queda dos investimentos, da diminuição do rendimento das explorações nos Estados Unidos e no Canadá e da produção mais baixa dos campos petrolíferos mais antigos, referem os analistas da OPEP.

Do decréscimo total, a produção dos Estados Unidos deverá cair 400.000 barris por dia.

Todos os especialistas concordam que a estratégia de preços baixos está desenhada para expulsar os produtores alternativos, como os de petróleo de xisto, cuja fórmula de extracção só é viável com o barril a pelo menos 65 dólares.

Nos Estados Unidos a produção passou de cinco milhões de barris por dia em 2008 para uma média de 9,5 milhões de barris por dia em 2015, graças ao sucesso deste tipo de produção, segundo o Departamento de Energia norte-americano.

A diminuição da produção dos concorrentes da OPEP deverá aumentar a procura de petróleo da OPEP, segundo o relatório.

Assim, a procura de petróleo da OPEP deverá subir de 29,8 milhões de barris por dia em 2015 para 31,6 milhões de barris este ano.

Do lado da procura, a OPEP prevê que em 2016 o consumo mundial aumente 1,25 milhões de barris por dia para um total de 94,21 milhões de barris por dia, uma estimativa que se mantém face aos últimos cálculos.

Grande parte do acréscimo da procura deverá ser de países emergentes, apesar da desaceleração da Índia e da China.

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