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Moçambicanos residentes em Angola têm esperança no regresso à normalidade

Os moçambicanos residentes em Angola acompanham de perto os acontecimentos no país de origem e dizem ter esperança num regresso breve à normalidade, disse à Lusa a presidente da Associação dos Moçambicanos Residentes em Angola.

: José Coelho/Lusa
José Coelho/Lusa  

Orlanda da Silva, filha de pai angolano e mãe moçambicana, mudou-se definitivamente para Angola há 11 anos, onde assiste ao desenrolar dos acontecimentos no seu país "com preocupação", tal como muitos moçambicanos da diáspora que deixaram os familiares em Moçambique.

Residem em Angola actualmente menos de mil moçambicanos, uma comunidade que já foi mais numerosa, mas que foi diminuindo a partir de 2014 devido aos efeitos da crise económica que obrigaram muitos cidadãos a regressar a Moçambique.

Questionada sobre o que espera após a tomada de posse do Presidente eleito Daniel Chapo, agendada para Quarta-feira, Orlanda da Silva acredita que os órgãos competentes encontrarão um mecanismo de resolução para a crise eleitoral.

"Deixamos tudo a quem o direito e nós, deste lado, temos a missão de aguardar, esperançosos, que tudo termine bem", afirmou à Lusa a representante dos moçambicanos residentes em Angola, salientando que "os órgãos competentes terão maior pertinência e faculdade para definir esta situação".

Nas presidenciais de Outubro, o Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo (no poder desde a independência de Moçambique, em 1975), como vencedor, com 65,17 por cento dos votos.

A eleição de Chapo como sucessor de Filipe Nyusi tem sido contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde Outubro, com manifestantes pró-Mondlane – candidato que, segundo o Conselho Constitucional, obteve apenas 24 por cento dos votos, mas reclama vitória – em protestos que já resultarem em centenas de mortos, a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

Chapo toma posse na Quarta-feira num cenário de contestação e fortes medidas de segurança.

Para Orlanda da Silva, Moçambique conseguirá "encontrar o diálogo para a resolução desta situação" já que "o povo moçambicano não é violento" e está em busca de soluções.

"Não vamos olhar para o dia 15 como um dia em que poderemos ter conflitos. Vamos olhar para o dia 15 como o dia em que foi marcado para a tomada de posse do novo Presidente e darmos sequência àquilo que são os trabalhos do nosso país", disse à Lusa a psicóloga.

Sem querer pronunciar-se sobre uma eventual recontagem dos votos nem sobre as questões políticas, a também professora universitária, afirmou que em termos sociais e económicos o contexto pós-eleitoral tem fragilizado o país.

"Moçambique acabou ficando fragilizado, sim. Vimos a nossa economia, os acontecimentos que foram decorrendo de certa forma fragilizaram a nossa economia", realçou Orlanda da Silva.

"Mas acreditamos que a certo momento e ao seu ponto tudo irá se resolver e Moçambique conseguirá estabilizar novamente a sua economia", acrescentou a representante da comunidade moçambicana.

Orlanda da Silva tem esperança de que Moçambique volte em breve ao seu ritmo normal: "Estamos todos esperançosos que dias melhores possam vir, Moçambique é Moçambique e somos todos moçambicanos", realçou.

Admite que para quem vive no exterior "a situação é ligeiramente complicada", preocupando-se com os seus familiares face à violência que eclodiu nos últimos meses e quando as manifestações "começam a tomar um rumo que vai dar para o vandalismo".

Ainda assim, assegura a angolana-moçambicana com "um coração dividido pelos dois países", os contactos com a família em Moçambique têm sido frequentes e bem-sucedidos, o que foi "criando alguma tranquilidade".

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