A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), em nota dirigida aos bispos da Conferência Episcopal moçambicana, manifestam solidariedade ao povo e à igreja moçambicanos, "novamente provados pela dor e angústia provocados por uma violência generalizada que ameaça a paz tão duramente conquistada por esta nação".
Face aos relatos que chegam de Moçambique, na sequência da crise pós-eleitoral, "agravada com a publicação dos resultados eleitorais definitivos", a CEAST une-se à voz dos bispos moçambicanos nos apelos para a "contenção da violência e a procura de soluções pacíficas duráveis que exigem a busca da verdade e justiça eleitorais".
A actual situação de Moçambique perturba a "consciência colectiva como irmãos", consideram os bispos católicos angolanos, apelando às partes em conflito a "tudo fazerem para serenarem os ânimos" e "abrirem-se linhas de negociação para se estancar a espiral de violência que o país enfrenta".
Apelam igualmente às organizações regionais e continentais, nomeadamente a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Africana a usarem os seus mecanismos de resolução de conflitos para exercerem junto das partes desavindas "todos os esforços para o restabelecimento da normalidade democrática, sem descurar a vontade legítima expressa pelo povo moçambicano nas urnas".
Nesta nota assinada pelo presidente da CEAST, arcebispo José Manuel Imbamba, o colégio episcopal angolano propõe ainda uma jornada de oração pela paz em Moçambique nos dias 1, 2 e 3 de Janeiro de 2025.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou a 23 de Dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17 por cento dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – candidato presidencial que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24 por cento dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Desde 21 de Outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 9 de Outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide, uma organização não-governamental que acompanha o processo, contabiliza 277 mortos, 586 pessoas baleadas e 11 desaparecidos.