Nascido em Luanda, Eurico contou que emigrou para o Brasil em 2013, aos 19 anos, para estudar tecnologia da informação e procurar uma oportunidade de crescimento profissional.
"Cheguei aqui em 2013 e hoje sou formado na área de redes de informática e engenharia de redes, mas durante o meu período de estudo, durante quatro anos, passei por vários problemas, inclusive para encontrar um emprego", contou.
O empreendedor africano especificou que os maiores problemas que enfrentou no mercado de trabalho brasileiro tinham relação com a sua formação, adaptação à cultura local, preconceito racial e xenofobia, dificuldades que alguns anos depois inspirariam a criação da Vem Bumbar, uma plataforma de recursos humanos que atende gratuitamente imigrantes africanos e é gerida por si e outros angolanos que vivem em São Paulo.
Lançada oficialmente em Maio do ano passado, a Vem Bumbar já ajudou 25 imigrantes a arranjarem emprego no Brasil e tem 800 inscritos, além de parceria com instituições como a Associação Educafro, que trabalha em prol da educação e da inclusão de pessoas negras no país sul-americano.
Apesar dos números modestos, a empresa tem planos para actuar também em Angola e, segundo Frederico Eurico, deverá lançar a sua plataforma no país africano até ao próximo mês de Abril.
"Estamos em contacto com o Ministério da Juventude [de Angola], já temos um contacto bem avançado, tivemos um contacto inclusive com o director nacional da Juventude. Estamos a torcer para que o ministério nos ajude e trabalhe em parceria connosco para apresentar o projecto dentro da sociedade angolana", disse o CEO da Vem Bumbar.
Em Angola, a empresa, no início, terá como foco actuar como uma agência de emprego voltada para ajudar jovens que ainda não ingressaram no mercado de trabalho e trabalhadores que procuram aumentar a sua qualificação profissional.
"Estou a pensar também em criar um projecto chamado escola do trabalhador para oferecer formação e cursos profissionalizados para quem já está a trabalhar e quer preparar-se (...) e iniciativas voltadas para profissionais da área de recursos humanos, que enfrentam problemas no dia-a-dia", explicou.
No Brasil, a Vem Bumbar apoia imigrantes que já estão no país e oferece formação profissional, informações sobre documentação e cursos, incluindo oficinas de aculturação.
O responsável contou que a empresa ajuda os imigrantes africanos, por exemplo, com informações sobre como se comportarem numa entrevista, elaboração de currículos, informações sobre a cultura brasileira, e também divulga vagas de empregos de empresas parceiras que, em caso de contratação do imigrante formado pela plataforma, pagam uma taxa à empresa.
A Vem Bumbar também tem disponível formação a nível de reeducação racial que reúne um conjunto de práticas com o intuito de desconstruir formas preconceituosas de pensar em função da raça.
"Muitas empresas querem contratar um imigrante, mas não sabem como lidar com esses imigrantes. (...) O nosso objectivo é aumentar o número de empregabilidade e diminuir a questão de preconceito", concluiu Frederico Eurico.
