A informação foi prestada esta Terça-feira à Lusa pelo porta-voz da Procuradoria-Geral da República de Angola, Alvaro João, que confirmou que o filho de Carlos São Vicente é também arguido no mesmo processo do empresário luso-angolano.
No passado Sábado, a mãe de Ivo São Vicente, Irene Neto, avançou, em entrevista à agência Lusa, que o filho do empresário luso-angolano foi constituído arguido, mas não deu detalhes sobre a acusação. Irene Neto disse ainda que o filho não pretendia apresentar-se à justiça angolana, "a não ser que o venham buscar".
Apesar de o arguido se encontrar em Portugal, "existem mecanismos judiciários que facilitam que alguém que esteja ausente, sobretudo num país com quem temos cooperação judiciária em matéria penal, possa, a qualquer momento, responder sem que o processo fique estagnado à espera que regresse ao país. Existem mecanismos de cooperação que facilitam diligências num e noutro país", explicou Álvaro João.
Questionado sobre se Ivo São Vicente poderá ser ouvido em Portugal, o porta-voz da PGR adiantou que estão a ser feitas diligências nesse sentido e "provavelmente, é o que irá acontecer".
Num comunicado enviado à Lusa, Ivo São Vicente afirma que "desde o início" está a aguardar para ser ouvido neste processo, o que lhe permitirá conhecer "de uma vez por todas os factos que alegadamente [lhe] são imputados e terão levado à decisão do congelamento das [suas] contas bancárias, pessoal e empresarial", há quatro meses.
"Será também a oportunidade de apresentar toda a informação e documentação necessárias que demonstrem definitivamente a falta de sustentação das acções de que eu e a minha família fomos alvo, para que eu possa voltar a pagar aos meus colaboradores em Portugal e retomar rapidamente a minha actividade empresarial neste país, continuando a criar postos de trabalho e a contribuir para a economia portuguesa", acrescenta.
A família de Carlos São Vicente tem algumas contas congeladas pela justiça, apesar do recurso que interpôs no ano passado para que fosse levantada a medida. Segundo o despacho que determinou a prisão preventiva do empresário Carlos São Vicente, este teria levado a cabo "um esquema ilegal" que lesou a petrolífera Sonangol em mais de 900 milhões de dólares.
O empresário, que entre 2000 a 2016 desempenhou, em simultâneo, as funções de director de gestão de riscos da Sonangol e de presidente do Conselho de Administração da companhia AAA Seguros, sociedade em que a petrolífera era inicialmente única accionista, terá levado a cabo naquele período "um esquema de apropriação ilegal de participações sociais" da seguradora e de "rendimento e lucros produzidos pelo sistema" de seguros e resseguros no sector petrolífero, graças ao monopólio da companhia.
O porta-voz da PGR disse ainda à Lusa que a justiça angolana está também a tratar do processo de extradição de Abel Cosme, antigo presidente do Conselho de Administração da TCUL/Empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda, que foi detido em Portugal por suspeitas da prática dos crimes de branqueamento de capitais, corrupção, desvio de fundos do Estado e associação criminosa.