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UPRA: subida de propinas de 48 mil para mais de 175 mil kwanzas gera indignação

A Universidade Privada de Angola (UPRA) decidiu aumentar o valor das propinas para o curso de medicina: para os alunos do 1.º ano as propinas passaram de 48 mil para 175.950 kwanzas. Esta mudança tem gerado indignação entre os alunos que já denunciaram o problema ao Ministério do Ensino Superior e apresentaram queixa ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).

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Os alunos do 1.º ano de medicina classificaram esta subida como "aberrante". Em declarações ao Novo Jornal, um grupo de estudantes de medicina, que preferiu não ser identificado, revelou que esta mudança provocou um clima de tensão e mal-estar entre os alunos e a universidade.

Antes da pandemia de covid-19, em Março de 2020, as propinas fixavam-se nos 48 mil kwanzas. Contudo, apesar de as aulas terem sido suspensas durante cerca de sete meses (retomadas em Outubro do ano passado) por causa da covid-19, o valor das propinas subiu para os 175.950 kwanzas.

Fonte ligada à reitoria, que não quis ser identificada, justificou o aumento do preço com a depreciação do kwanza, os custos que têm com o material descartável dos laboratórios e com a construção do Centro Policlínico Universitário, inaugurado na semana passada e que servirá para realizar estágios para os alunos da área da saúde, escreve o Novo Jornal.

Os alunos consideram que este aumento é desproporcional quando comparado com os preços praticados nas outras universidades do país.

Muitos disseram que, no ano passado, não deixaram a UPRA porque a fase de inscrições já tinha sido fechada e não tiveram outra alternativa se não entrar nesta universidade e fizeram ainda saber que quando se inscreveram na UPRA já sabiam que haveria um aumento das propinas e que a informação que tinham era que o valor seria, no máximo, de até 60 mil kwanzas.

"Ficámos surpresos quando a direcção nos deixou fazer a inscrição e depois fez subir para 175 mil kwanzas", indicaram.

Os estudantes acabaram por denunciar a situação, em Outubro de 2020, ao Serviço de Investigação Criminal. Todas as partes já foram ouvidas, mas ainda não foram tomadas quaisquer medidas, refere o Novo Jornal.

A associação de estudantes da UPRA lamentou o sucedido. "O ano passado, fruto das manifestações que fizemos, acordou-se que nenhum estudante devia fazer a confirmação, bem como nenhum candidato devia fazer a matrícula, até que o caso fosse resolvido", indicaram, num comunicado.

A associação de estudantes revelou ainda que, no ano passado, fizeram "um acordo com a direcção da UPRA" tendo sido acordado que haveria apenas um aumento de 13 por cento, tal como determinou o Ministério das Finanças em concordância com o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.

"Não percebemos como a direcção fez subir o preço dessa maneira", completou a associação.

Em declarações ao Novo Jornal, Joaquim Caiombo, presidente da Associação dos Estudantes das Universidades Privadas de Angola, indicou que lhes têm chegado diariamente reclamações sobre esta situação por parte de alunos e encarregados e educação da UPRA.

Relembrando o acordo dos 13 por cento, o responsável lamentou o sucedido, indicando que "não é permissível que as famílias possam pagar propinas nestes preços mensalmente".

Disse ainda que a associação está triste com o silêncio por parte do Ministério das Finanças: "Lamentavelmente estamos tristes com o Ministério das Finanças, sendo a instituição que autoriza legalmente o aumento de propinas no subsistema do ensino superior, mas o mesmo continua em silêncio".

O Novo Jornal contactou a direcção da UPRA, mas a secretaria da mesma pediu que fosse enviada uma solicitação por escrito.

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