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Fitch: risco de instabilidade social em Angola mantém-se elevado mesmo com reformas

A consultora Fitch Solutions considerou este Domingo que o Governo angolano vai prosseguir as reformas para melhorar o ambiente empresarial, mas alertou que o risco de instabilidade social vai continuar elevado devido ao descontentamento com a crise que o país atravessa.

: Lusa
Lusa  

"Antecipamos que o Governo de Angola vá continuar com a sua agenda de reformas favoráveis ao investimento nos próximos trimestres, garantindo continuidade das políticas", dizem os consultores numa análise à situação económica e política.

Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, esta consultora, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, escreve que "os riscos de agitação social vão continuar elevados a curto prazo, reflectindo o crescente descontentamento popular com as más condições económicas".

A análise da Fitch, publicada no final da semana em que o Fundo Monetário Internacional aprovou a quarta revisão do programa de assistência financeira, libertando quase mais 500 milhões de dólares, refere que o défice orçamental deve ter ficado nos 1,7 por cento em 2020 e deverá melhorar para 0,4 por cento em 2021, ano em que não deverão ser removidos os subsídios aos combustíveis.

"Os subsídios, implementados através da companhia petrolífera Sonangol, custam ao Governo cerca de 2 mil milhões de dólares por ano, e a sua eliminação é um dos compromissos do Governo feitos ao abrigo do programa do FMI", reconhecem os analistas.

No entanto, argumentam que a pressão dos deputados para que os subsídios se mantenham em vigor este ano, e tendo em contas as eleições de 2022, deverá resultar porque "remover os subsídios será politicamente desagradável nas vésperas das eleições legislativas de 2022".

Prevendo um crescimento de 1,7 por cento este ano, a Fitch Solutions salienta que este valor é cerca de metade do crescimento da população, de 3,3 por cento, "o que significa que o PIB per capital vai continuar a cair", empobrecendo o país no seu conjunto, e o desemprego continuará na casa dos 35 por cento, ao passo que a inflação deverá abrandar de 22,1 por cento em 2020 para 18 por cento este ano.

Sobre as eleições de 2022, a Fitch Solutions antecipa que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) vai vencer, mas com menos apoio do que em 2017.

"O MPLA já perdeu 25 lugares nas eleições de 2017, apesar de manter a maioria de dois terços no Parlamento, e esperamos que o descontentamento social generalizado e os impopulares esforços de consolidação orçamental reduzam a percentagem de votos ainda mais em 2022", mas não o suficiente para o partido não vencer as eleições.

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