"As reformas dolorosas exigidas pelo programa do FMI vão começar a surtir efeito, esperamos mais greves e protestos, incluindo de trabalhadores com mão de obra qualificada nas cidades e de funcionários públicos que estão expostos a qualquer abrandamento económico por via dos cortes salariais e da elevada inflação, que deve rondar os 20 por cento nos próximos três anos", lê-se no relatório assinado pelo director da consultora, Robert Besseling.
No relatório, com o título "Líderes do Estado-sombra de Angola põem em perigo a agenda de privatização", enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a EXX Africa escreve que "o FMI está a forçar a aplicação de disciplina orçamental que inclui medidas impopulares como a redução dos subsídios aos combustíveis e uma acentuação da desvalorização do kwanza".
A comunidade internacional, aponta, está a acompanhar atentamente a implementação do programa de apoio financeiro do FMI, no valor de 3,7 mil milhões de dólares, que "serviu de âncora ao enquadramento das políticas de Angola e aumentou a confiança na economia do país".
No entanto, apontam, o país só deverá regressar ao crescimento económico no próximo ano e "as privatizações, por si só, não serão suficientes para fazer a economia em recessão voltar ao crescimento".
Entre os exemplos de indicadores económicos que mostram as dificuldades, a consultora salienta que "a produção de petróleo não deverá ser suficiente para fazer regressar o crescimento económico" devido ao declínio dos poços actuais e à falta de investimentos, que dificulta a exploração de novos poços.
"À medida que os poços mais antigos se esgotam, a produção económica deve ter-se reduzido em 2,6 por cento em 2019 e 3,6 por cento em 2020, com um crescimento modesto a chegar em 2021 depois da reestruturação económica e depois de as reformas impostas pelo FMI começarem a ter um impacto positivo na economia", conclui o director da EXX Africa.