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Clientes do Banco Postal indignados com encerramento da instituição

Os clientes do Banco Postal manifestaram-se indignados com o encerramento dos balcões da instituição, por ordem do Banco Nacional de Angola (BNA), que revogou a sua licença, pedindo a "devolução urgente" do dinheiro depositado.

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Numa ronda feita em Luanda, o primeiro dia útil após a revogação da licença pelo BNA, na Sexta-feira, a Lusa constatou o encerramento da dependência da unidade bancária e das dezenas de quiosques da "Xikila Money" espalhadas pela capital, que também pertencem ao Banco Postal.

Em comunicado colocado à porta das suas dependências, a direcção do Banco Postal informa, entre outros pontos, que "os depósitos e quaisquer outros interesses dos clientes, fornecedores e prestadores de serviços estão salvaguardados".

"Nos próximos dias, será prestada toda e qualquer informação necessária aos diferentes níveis e matérias que advêm deste facto pelas autoridades competentes", adianta o documento, perante a "surpresa" dos clientes que hoje pretendiam movimentar as suas contas.

No balcão que funciona no edifício dos Correios de Angola - um dos accionistas do Banco Postal - no centro da cidade, apenas os agentes de segurança se predispunham a prestar informação, face à ausência de funcionários daquele banco.

"O segurança disse-nos que eles [funcionários do banco] estão reunidos com uma equipa do BNA e provavelmente amanhã vão ter uma informação exata. Como tenho lá uns valores depositados, vim procurar forma de retirar os valores depositados", contou à Lusa Fernando Segunda, cliente do banco.

O BNA anunciou na Sexta-feira o encerramento compulsivo de dois bancos privados, casos do Banco Mais e o Banco Postal, por insuficiência de capital social, tendo revogado as licenças bancárias e requerido a declaração de falência para ambos.

Frederico Pinheiro Gaspar dirigiu-se à dependência do Banco Postal na Avenida dos Combatentes, em Luanda, e tal como os restantes clientes que ali acorreram manifestou-se surpreso com o comunicado sobre o encerramento.

Este lavador de carros, de 29 anos, contou à Lusa que não teve qualquer comunicação prévia sobre o encerramento do banco, pretendendo reaver os seus valores. "Estou preocupado com os meus 5000 kwanzas, que já ajudam para comprar um saco de arroz para casa ou uma caixa de massa", disse.

"E eles (direção do banco) não avisaram ninguém, de repente fecharam o banco e outras pessoas estão aí a chorar, eu preciso dos meus 5000 kwanzas, está a doer-me no coração e preciso desse dinheiro", adiantou.

Com 440.000 kwanzas depositados naquele banco privado, Mona Alexandre, 42 anos, afecta às Forças Armadas Angolanas, contou à Lusa que precisa de reaver o dinheiro com urgência, argumentando que "tem família para sustentar".

"Agora resta saber em que dia é que o banco vai abrir, porque preciso dos valores que estão aí. Não apenas eu, somos muitos, e preciso saber quando reabrem para fazer a devolução, tenho família a sustentar a vivemos em casa de renda", referiu.

Em comunicado enviado à Lusa na Sexta-feira, o BNA garantiu que "tomou medidas" para que "o procurador-geral da República requeresse a declaração de falência das referidas instituições, junto do Juiz da Comarca Provincial de Luanda.

Entretanto, os accionistas do Banco Postal negaram a "falência e insuficiência de capital social", manifestando "profundo desacordo" com a "medida ferida de ilegalidade" anunciada pelo banco central angolano, garantindo "recorrer às instâncias judiciais".

Alheio a estas explicações está o taxista António Arlindo Chivala, que se queixa de falta de uma comunicação prévia por parte da direção do Banco Postal, manifestando-se surpreso com o comunicado afixado à entrada do balcão da Avenida dos Combatentes. À porta do banco, Chivala conta que pretendia levantar 40.000 kwanzas: "E não sei o que a direção do banco pensa a respeito disso. Gostaríamos que o nosso direito fosse salvaguardado. Estou extremamente preocupado é uma quantia elevada para mim", justificou.

Encerrado e sem qualquer comunicado aos clientes, está igualmente a dependência do Banco Mais, conformou constatou a Lusa, na agência da Avenida 04 de Fevereiro, em Luanda.

Na informação de Sexta-feira, o banco central referia que o "prazo de adequação ao novo capital social e fundos próprios regulamentares para o funcionamento das instituições financeiras bancárias" terminou a 31 de dezembro de 2018, conforme definido em Fevereiro.

Na altura, o BNA instituiu em 7500 milhões de kwanzas - o triplo face à legislação anterior - o valor mínimo de capital social e fundos próprios regulamentares para as instituições financeiras que operam no país, o que não terá sido garantido por estes dois bancos.

"Os órgãos de administração e demais colaboradores devem, assim, manter-se à disposição da entidade liquidatária, garantindo-se o encerramento ordeiro da atividade das referidas sociedades financeiras", acrescentou o banco central.

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