Os dados do Centro de Investigação e Informação de Medicamentos e Toxicologia (CIMETOX) referem que, em 2016, foram registados 3708 casos de mordeduras de serpentes, sendo 22,6 por cento em homens e 37,6 em mulheres.
Os acidentes ocorreram sobretudo nas províncias de Malanje, Kwanza Norte, Uíge, Luanda e Huambo, tendo como principais sintomas a dor local, edema, bolhas e sangramentos, provocados maioritariamente pela serpente Bitis Arietans, a maior causadora de acidentes em Angola e países vizinhos.
A informação do centro dá conta que estes casos ocorrem sobretudo em comunidades rurais, entre camponeses e pastores.
Para a produção do soro, o CIMETOX, unidade afecta à Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto em Malanje, conta com apoios do da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (Portugal) e do Instituto Butantan (Brasil).
A coordenadora do projecto, denominado “Produção dos Soros Antiofídicos”, Paula de Oliveira, citada pela Angop, referiu que as pesquisas tiveram início em 2014, nas províncias de Benguela, Malange, Cuanza Sul e Huíla.
Segundo a responsável técnica, as pesquisas realizadas permitiram a extracção de veneno em serpentes, nomeadamente víbora, najas nigricollis e bitis gabônica, numa quantidade de 200 microlitros, que foram injectados, em ratos, da qual resultou o soro "morino".
Paula de Oliveira disse que presentemente se perspectiva a criação do soro equino, injectado em cavalos, para posterior extracção do líquido que serve para tratar mordeduras de cobras em seres humanos.
A falta de 10 milhões de kwanzas (60.000 dólares), para a aquisição dos cavalos e outras despesas para a pesquisa, está a condicionar esta etapa, segundo informou Paula de Oliveira, pelo que aguarda por alguns patrocínios.
Com a conclusão do projecto, Angola vai reduzir as despesas com a importação do referido soro, disse ainda a especialista.