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Saúde

Parteiras tradicionais ainda são solução para milhares de mães

Dificuldades económicas, a tradição ou a simples ausência de maternidades nas proximidades ainda levam milhares de mulheres a darem à luz em casa, recorrendo a parteiras tradicionais, voluntárias e as mais experientes de cada zona.

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É o caso de Vitória Mário, parteira tradicional desde os 28 anos e que ainda hoje, com 45 anos, se dedica a ajudar gestantes a dar à luz, na respectiva comunidade, nos arredores de Luanda, sempre que solicitada, entre as restantes ocupações que tem.

"Primeira coisa é ver como está a gestante, dar um carinho, perguntar quais os sintomas que tem, quantos meses de gestação. Se o bebé estiver em condições, assumimos a responsabilidade de realizar o parto", conta, à conversa com a agência Lusa.

Contudo, longe vão os tempos em que o parto era feito em qualquer situação: "Se não estiver em condições, nós enviamos para o hospital", garante.

Os anos de experiência de Vitória Mário correspondem a quase duas dezenas de partos que realizou "com sucesso", pelo que esta parteira tradicional se assume satisfeita.

"Fiz nesses anos um total de 17 partos e todos correram bem. A minha alegria é maior quando vejo crescer e brincar as crianças que ajudei a nascer. O que ganhamos em troca é a alegria da família, quando nasce a criança. E isso não tem preço", acrescenta.

Em vários pontos do país, sem estradas e a dezenas de quilómetros da povoação mais próxima, estas parteiras tradicionais, com outras ocupações, ainda são a única solução para milhares de mães.

Madalena Vicente, outra parteira tradicional, de 38 anos, explica que apesar de a actividade não ser profissional, exige o cumprimento de várias responsabilidades. Como saber se a gestante efectuou todas as consultas pré-natais antes mesmo de realizar o parto, informações que servem para avaliar o estado em que se "encontra a mãe e o bebé".

"Daí que, quando recebemos a parturiente, tratamo-la com carinho e por aí conseguimos saber as análises que fez durante a gravidez, as consultas que fez, quando concluiu. Tudo para evitar problemas ou consequências durante o período do bebé nascer", explica.

Satisfeita com o trabalho, uma espécie de voluntariado social, esta parteira tradicional, com sete anos de experiência, já realizou quase dez “partos saudáveis".

"Nas comunidades periféricas somos muito solicitadas. Por isso é que resolvemos aceitar qualquer formação que nos ajude a obter novas experiências e aumentar os nossos conhecimentos", confessa Madalena Vicente.

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