O investigador, segundo a Lusa, está expectante quanto à eficácia deste medicamento, que mostrou resultados significativos no ensaio clínico. Lúcio Lara Santos explicou que foi dado um passo assinalável no tratamento dos cancros da cabeça e pescoço, e que abre a possibilidade de tratamento para outros tumores sólidos.
A primeira fase do ensaio decorreu no Porto, no Instituto Português de Oncologia (IPO) e Hospital da CUF, com um grupo de doentes voluntários e com o objectivo de avaliar a segurança (tolerância) e o efeito antitumoral (eficácia) da Redaporfin, um fármaco fotossensibilizador produzido em Portugal, que tinha demonstrado já uma grande eficácia em ensaios não clínicos em modelos animais.
"Verificámos que o tratamento com este medicamento de tumores malignos da cabeça e pescoço, espinocelulares, revelou elevada segurança, uma vez que os efeitos colaterais e adversos foram raros, não foram severos e revelaram-se de fácil controlo", sublinhou o oncologista cirúrgico.
Lúcio Lara Santos adiantou que o "efeito antitumoral observado foi muito rápido, destruiu a totalidade do tumor tratado e que este efeito parece ser sustentado ao longo do tempo", salientando que "a sua associação a outros tipos de tratamentos sistémicos parece ser também promissor".
"Adicionalmente, a aplicação deste tratamento em doentes com outro tipo de tumores com prognóstico muito desfavorável, como o colangiocarcinoma, poderá conduzir a ganhos muito significativos para os doentes em termos de qualidade de vida e de sobrevivência", acrescentou.
Perante os resultados obtidos, Lúcio Lara Santos considera que há razões científicas para que a comunidade envolvida no estudo e tratamento destes tumores venha a integrar esta opção terapêutica no protocolo de tratamento destes tumores.
Segundo o especialista, posteriormente, será conduzido um novo ensaio clínico num número de doentes mais alargado, "o que permitirá definitivamente demonstrar o valor e os benefícios da terapia fotodinâmica com Redaporfin em oncologia".
Lúcio Lara Santos nasceu no Huambo e fez o curso de Medicina em Angola. Desde cedo dedicou-se à cirurgia geral e em especial à oncologia, tendo vindo a desenvolver a sua carreira de investigador em Portugal.