Angola produzia em 2002, no fim da guerra civil, cerca de cinco por cento do total de algodão a nível mundial, cultivado nas províncias do Bengo, Luanda, Cuanza Sul, Benguela, Malange, Cabinda e Huíla.
A cultura do algodão foi introduzida em meados do século XVI e teve como ano de referência 1872, quando foram exportadas 1000 toneladas.
Agora, o Governo quer reactivar a produção de algodão, com o MPLA a defender que a aposta no regresso ao cultivo do algodão representa igualmente uma homenagem às vítimas do massacre de milhares de camponeses da Baixa de Cassanje a 4 de Janeiro de 1961.
A posição surge numa nota do bureau político do Movimento Popular de Libertação de Angola sobre o dia dos Mártires da Repressão Colonial, que se assinala esta Quarta-feira, recordando o denominado "Massacre da Baixa Cassanje", que então se "saldou entre 5000 e 10.000 mortes" de camponeses angolanos.
Milhares de camponeses dos campos de algodão da Baixa de Cassanje (ou Kassanji), entre as províncias de Malanje e da Lunda Norte, revoltaram-se em 1961 contra a "exploração" colonial e um número indeterminado morreu na resposta do exército português, exigindo há mais de uma década uma indemnização a Lisboa.
O cultivo de algodão naquela área, que durante o período colonial era um dos produtos mais exportados por Angola, foi praticamente abandonado durante a guerra civil que se seguiu a 1975. Após a independência nacional a produção de algodão foi abalada igualmente pela saída dos produtores portugueses que, na altura, detinham 79 por cento da produção total.
"O MPLA defende que o melhor tributo a ser dado pela sociedade, aos heróis da Baixa de Kassanji é o de fazer florescer os ricos campos dessa região, já regados, há 56 anos, com o sangue, suor e lágrimas daqueles que contribuíram para que brotassem as sementes da liberdade, que vão propiciar o aumento da produção agrícola e, mesmo, industrial, para o sustento das famílias angolanas", lê-se na nota do partido sobre a data, que chegou a ser feriado nacional.