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Economia

Crise leva empresas brasileiras a apostar em novos mercados em Portugal, Angola e Moçambique

O enfraquecimento das vendas no mercado brasileiro, afectado pela crise económica e inflação, que em 2015 ficou acima dos 10 por cento, está a incentivar indústrias do Brasil do sector de cosméticos e alimentos a exportarem para Portugal, Angola e Moçambique.

Fernando Llano:

Segundo análise de Gabriel Walmory Silveira, consultor sénior da Boggini, uma das mais importantes distribuidoras de bebidas do Brasil, com o consumo a cair no país, apesar das dificuldades de levantar capital para exportações, as empresas de bens de consumo de pequeno e médio porte olham para Portugal e África como alternativas relativamente a mercados mais próximos.

"Angola e Moçambique, que recebem muitos investimentos de grandes empresas de infra-estruturas e mineração, foram mais afectados pela crise do Brasil, no entanto, continuam a ser mercados potenciais em sectores como higiene pessoal e alimentos", disse.

Walmory Silveira, que participou em reuniões de negócios promovidas pelo projecto Beautycare Brazil - parceria entre a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos e a Apex-Brasil, em Angola, no ano passado, considera que a proximidade linguística e a menor competitividade facilitam a entrada dos produtos brasileiros.

Já Gueisa Silvério, gerente do projecto Beautycare Brazil, afirma que nos mercados africanos de língua portuguesa muitos produtos também beneficiam da admiração que existe pelo Brasil, em especial no sector de cosméticos.

A especialista lembrou, no entanto, que em Angola as restrições de pagamento têm impedido a finalização de alguns negócios.

Uma empresa que busca novas oportunidades é a Skafe Cosméticos. Especializadas em produtos para cabelo, a companhia esteve em Angola juntamente com a Itallian Hairtech e Nátum Cosméticos no ano passado, fechou negócios e disse à Lusa que trabalha parcerias.

A companhia tem um distribuidor e espera receber autorização da Infarmed para vender produtos em Portugal até ao início de Fevereiro, e já fez quatro remessas para Moçambique.

"Decidimos exportar para fugir da crise. Hoje os nossos principais mercados externos são a Espanha e os Estados Unidos, mas vemos grande potencial em Portugal e em África", explicou Simone Cesaroni, gerente de Comércio Exterior da Skafe.

No sector de alimentos, industriais das áreas de padaria, bolachas e biscoitos mantém boas vendas na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, compilados pela Boggini, indicam que de Janeiro até Novembro de 2015 o sector exportou cerca de 94 milhões de dólares para o mundo.

Deste total, 14 milhões de dólares foram para a CPLP. Apesar das restrições alfandegárias impostas em Angola, o volume desses negócios representa quase 15 por cento do total exportado.

Fazendo uma comparação, a Boggini ressaltou que o valor é praticamente a metade do que o sector exportou para os países do Mercosul (30,4 milhões de dólares), bloco que dispõe de redução de alíquotas de importação, com relações bilaterais mais maduras, e muito mais populoso do que o CPLP sem o Brasil.

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