Em declarações à agência Lusa, o chefe de departamento de Património Cultural da direcção provincial do Ministério da Cultura, Benjamin Fernandes, disse que duas estações foram descobertas na localidade do Curoca, município do Tombwa, e a outra nas margens do rio Giraul, arredores da cidade do Namibe, no sul do país.
O responsável avançou que as estações são "bastante ricas", tendo nelas sido encontrados variadíssimos tipos de instrumentos líticos (pedras), utilizados como machados, raspadores, facas, lâminas, entre outras peças.
Segundo Benjamin Fernandes, a primeira descoberta, realizada por uma equipa de três especialistas angolanos, ocorreu entre 2012 e 2013.
Avançou que inicialmente foram enfrentadas algumas dificuldades, de ordem técnica e material, que foram melhorando nos últimos dois anos, nomeadamente meios de transporte adaptado às características desérticas da província.
"Não só melhoraram as condições técnicas e materiais, como também do ponto de vista do conhecimento científico, houve uma aposta do Ministério da Cultura na formação de quadros na área da arqueologia", referiu.
Segundo Benjamim Fernandes, aguarda-se agora a deslocação à província de uma equipa do Instituto Nacional de Património Cultural para se proceder à classificação daquelas estações arqueológicas.
"O importante é sabermos a que estações pertencem cada uma delas, se é da idade do Paleolítico, Mesolítico ou Neolítico. Para o caso do Namibe, vamos procurar identificar uma estação da idade antiga da pedra, da idade média ou da idade da pedra recente", explicou o responsável.
Após a classificação, seguir-se-ão as escavações e recolha do material para a sua colocação em local apropriado para um estudo mais detalhado das peças.
Para Benjamin Fernandes, a nova descoberta é um indicativo de que a região terá tido papel importante no processo de evolução e desenvolvimento das sociedades desde os tempos pré-históricos.
"A província do Namibe tem grande potencial do ponto de vista arqueológico e que nos próximos tempos poderemos revelar novas e mais ricas descobertas", afirmou Benjamin Fernandes, salientando que durante as pesquisas foram utilizados meios como GPS, para a localização geográfica, registo fotográfico, telefones satélites e bússolas.
A província do Namibe, no sul de Angola, é detentora de outros vestígios arqueológicos, nomeadamente arte rupestre.
O responsável garantiu que as pesquisas vão continuar, porque o espaço geográfico explorado até agora não cobre sequer o centro do território do Namibe.
"Tenho a absoluta certeza que o futuro nos vai revelar muito mais riquezas arqueológicas, por isso pensamos alargar a equipa e recorrer para o efeito ao Museu Nacional de Arqueologia de Benguela e o Instituto Nacional de Património Cultural", frisou.